Analise 1.734
O vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2024 e com duas indicações ao Globo de Ouro, (Melhor Filme de Língua Não Inglesa e Melhor direção), escrito e dirigido pela cineasta indiana Payal Kapadia, que cria, em seu segundo longa-metragem, uma estória absurdamente intimista para falar sobre o amor e das relações de amizade que se formam numa gigantesca, indiferente e populosa Mumbai de forma muito realista em um filme basicamente noturno.
Ao juntar as duas mulheres protagonistas e uma terceira coadjuvante e nos fazer vivenciar juntamente com elas suas tristezas, melancolias, e dificuldades em sobrevivência numa metrópole impiedosa que exige exaustivas jornadas de trabalho dentro de uma sociedade machista com suas regras, o longa, com suas tomadas demoradas e muitos momentos de silêncios, dificilmente agradará todos os públicos.
Adotando uma abordagem que trabalha com sutilezas em busca de ampliar o sentimentalismo e explorar a ternura, sem jamais apelar para a manipulação do emocional do seu público, e apostando nas complexidades emocionais de suas protagonistas, cria uma atmosfera profundamente sensorial que, em muitos momentos se abstém de diálogos mais explicativos em prol de transmitir diversas camadas emocionais na busca de uma identidade individual em meio a solidão das multidões.
Considerado pelo jornal The New York Times como o melhor filme do ano (?), esse melodrama poético que visa a dimensão humana, explorando as escolhas que todos nós precisamos fazer diante da vida, Tudo que Imaginamos Como Luz requer um público mais contemplativo e disposto a se deixar levar pela arte de fazer cinema e na forma sutil – e profunda – de contar sua estória sem pressa, afinal, como diz uma personagem “A cidade rouba o tempo de você."
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