Analise 1.689
Menos de um ano depois do lançamento do ótimo ‘Pobres Criaturas” (Analise nº 1.632) o diretor e roteirista grego, Yorgos Lanthimos, o mesmo de “Dente Canino” (2009), O Lagosta (2015), O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017) e A Favorita (2018), todos vistos e comentados aqui, lança sua nova antologia, #TiposdeGentileza, fugindo bastante do tipo de roteiro e das geniais peculiaridades que o consagraram em seus dois últimos trabalhos.
Na verdade, essa obra constando de três estórias que pouco parecem se conectar, mesmo tendo os mesmos atores fazendo outros personagens, é a mais desagradável de todas apresentadas até então. O humor ácido se transformou em humor corrosivo sem nenhuma graça (só maluco ri) e, embora mantenha o seu estilo de situações bizarras, aqui ele vai para um lado sádico do tipo “é melhor virar o rosto” de tão chocantes descambando para o cruel que por muito pouco não é terror.
Ok que ele tenta linkar as três estórias nos temas fanatismo e figuras de poder dentro da sociedade atual, mas a narrativa é tão propositadamente volúvel que mesmo com elenco estelar fica muito difícil apreciar um grande momento interpretativo de qualquer um deles uma vez que, o pior do ser humano e o macabro estão constantemente em cena e, dessa vez, sem graça alguma, sem genialidade alguma e com prazer nenhum.
Para um certo refrigério. a estilística é irrepreensível bem como as deslumbrantes locações provando que a execução é infinitamente melhor que a mais que pessimistas e corrosivas estórias onde a barbárie predomina, ampliada por uma trilha sonora compassada e intencionalmente irritante, numa clara alusão e conclusão de uma sociedade onde predomina o salve-se quem puder e o resto que se dane.
Danam-se os espectadores também.
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