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Foto do escritorFábio Ruiz

Tio Frank – EUA – 2020


#UncleFrank, filme escrito e dirigido por Alan Ball, de Beleza Americana, traz a delicada narrativa da transformação de Betty em Beth, na década de 70, influenciada por seu tio Frank, único com formação universitária de três filhos de família conservadora do interior da Carolina do Sul. A estória se divide em três partes, o estabelecimento de personagens, conflitos, transformações e descobertas, a segunda, da roadtrip de Beth e Frank para o enterro de seu avô e pai, respectivamente, e a terceira de revelações de fatos passados e presentes, deflagrada pela leitura do testamento de Daddy Mac.

O roteiro apresenta com muita oportunidade as peças do quebra-cabeças do passado e presente de Frank, com os embates mais verossímeis impossível. Alan ilustra situações e sofrimentos que todos os “Franks” das décadas de 50, 60, 70 e 80, e, com certeza, de outras anteriores e posteriores, passaram em algum momento de suas vidas, talvez não tão pungentes quanto os dele, mas, com certeza, na mesma linha de interações. A conclusão deixa um pouco a desejar, pois amaina a verossimilhança com um final não tanto realista, pois, muito possivelmente, a maioria dos “Franks” viveram conclusões mais contundentes e conturbadas, afinal, como é difícil o ser humano superar seus preconceitos.

A direção, também de Ball, é excelente, tanto no andamento, nos enquadramentos e distanciamentos, no clima e na condução dos atores. O elenco não poderia ser mais coeso, com nomes como Margo Martindale, Lois Smith, Judy Greer e Steve Zahn, mas o trio protagonista, Paul Bettany, Sophia Lillis e Peter Macdissi concede demais humanidade e contemporaneidade às suas personagens. A reconstrução de época, cenários e figurinos, é impecável, a música acentua os conflitos do texto, a fotografia também tonaliza o aspecto temporal e a edição não peca.


#TioFrank, um filme que descreve o que todos os “Franks” do mundo, apesar de minoria, passaram, passam ou passarão para ter o seu lugar ao sol, em paz consigo mesmos, muitos nunca conseguirão, mas o caminho é o mesmo, somente acentuado por premissas e paradigmas do tempo, que amainaram um pouco nas últimas décadas, mas não deixaram de existir. Vale muito assistir.




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