Análise nº 1.679
Ovacionado no Festival de Sundance e pela crítica especializada que não poupou elogios ao trabalho da June Squibb e à toda a construção do projeto, #Thelma é um verdadeiro presente para os cinéfilos.
Claro que, June Squibb, aos 94 anos, é a grande força dessa produção até porque mesmo tendo sido indicada como atriz coadjuvante no Oscar em 2013, pelo excepcional Nebraska que você pode ler clicando aqui, só agora consegue seu primeiro papel de protagonista e rouba um filme inteirinho para si deixando-nos extasiados com sua vivacidade cênica.
Partindo de um plot muito simples onde uma nonagenária que vive só (embora cercada de atenção, amor e preocupações da família), é vítima de um golpe por telefone e acaba entregando para o vigarista uma boa soma em dinheiro e, como a polícia nada pode fazer, ela própria, em segredo, resolve ir atrás do golpista para reaver seu dinheiro, compondo uma excelente comédia de ação, nada convencional, onde o roteiro se equilibra com maestria entre os dramas do envelhecimento e diversas situações hilárias.
Ao melhor estilo Tom Cruise em “Missão Impossível”, Thelma se arma de dispositivos tecnológicos muito peculiares, convoca o também nonagenário amigo, rouba uma arma de fogo e, sem avisar a família, parte pelas ruas de Los Angeles em uma perseguição eletrizante e, tão inédita quanto divertida.
O roteirista e diretor, Josh Margolin, cria a heroína de ação mais improvável do cinema não lhe poupando diversos obstáculos físicos pelo caminho que precisam ser ultrapassados para o cumprimento de sua missão, criando uma originalíssima – e também comovente – subversão do gênero ação, onde a fotografia e o ótimo e pertinente designer de som só fortificam a categoria.
Ao mesmo tempo o roteiro critica, aponta, estuda e compara de forma afiada uma sociedade que não só infantiliza como marginaliza a vida e as limitações dos idosos sem, em nenhum momento, debochar deles, pelo contrário, enfatizando características como a determinação e a sagacidade que muitas famílias não percebem em detrimento de alguns “esquecimentos”.
O amoroso e cativante personagem do jovem neto é o contraponto perfeito para clarificar que as limitações e sentimentos de incapacidades e inadequações ao mundo não são exclusividades de uma idade avançada, mas também sentimentos que uma juventude saudável também pode vivenciar, acrescentando um olhar apurado sobre a vida e aos derradeiros anos de um ser humano.
Por fim e em resumo, o arco da jornada de #Thelma é uma delícia de se ver, sentir e acompanhar com seu ritmo leve e irreverente que não diminuem uma heroína resiliente que se recusa a abdicar de sua dignidade e independência.
Ah, e se você já ajudou um ente idoso e querido a lidar com o básico de um computador...sorria, pois isso é amor.
Bravo, June Squibb!!!
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