The Strange Thing About the Johnsons, segundo curta-metragem, e filme, de Ari Aster, de Hereditário e Midsommar, é um texto muito bem elaborado sobre um tema demais polêmico: a relação incestuosa entre pai e filho. O roteiro é muito bem escrito contextualizando, sabiamente, o cenário e as passagens do tempo, que evoluem a situação deixando lacunas que suscitam questões que podem tornar a trama ainda mais bizarra, como, por exemplo, quando efetivamente a relação entre pai e filho inicia, que agudiza de incesto para estupro os crimes do pai. Por outro lado, também ilustra as consequências da ausência de limites, em todas as personagens, e até onde as pessoas são capazes de ir para manterem seus “status quo”. Apesar de haver previsibilidade, como a do que irá acontecer na festa de casamento quando a mãe os procura, essa é suplantada pela surpreendente reação da personagem, mantendo o interesse. O final também é assombroso, marca de Ari, mas, mesmo assim, a temática incomodará muitos.
A direção de Ari Aster é excelente com movimentos de câmera muito bem realizados, em grandes sequências com ótimos enquadramentos e distanciamentos, vide a cena da mãe procurando pai e filho no casamento do último. Billy Mayo, o pai, Brandon Greenhouse, o filho, e Angela Bullock, a mãe, tem atuações primorosas, refletindo com precisão a evolução das personagens com a passagem do tempo ficcional. Fotografia, música, arte e edição surpreendem para um curta metragem, que, costumeiramente, tem baixo orçamento.
#TheStrangeThingAboutTheJohnsons, obra do início da carreira de Ari Laster, bastante indigesta, é um filme interessante, bem desenvolvido e executado que interessará àqueles a quem os temas incesto e estupro não provoquem repulsa. Vale assistir.
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