Lançado no Festival de Sundance/ 2020, Tesla, do escritor e diretor Michael Almereyda (Marjorie Prime), desafia o gênero das cinebiografias tradicionais e ousa enveredar por uma narrativa cheia de elementos teatrais, fazendo uma caleidoscópica mistura de subgêneros, construindo um mosaico de sonho sonhado onde, embora perceba-se algumas ideias bem intrigantes, o resultado final perde o “divertido” inicial resvalando para uma experiência frustrante.
A fusão da abordagem misturando presente, passado e futuro, requer inúmeras licenças poéticas para lidar com a visão fantasiosa do diretor e toda a gama de anacronismos que misturam o tempo (e fatos) históricos com um pós-modernismo que, a princípio, surpreende, mas fratura a continuidade prejudicando a compreensão de quem pouco ou nada sabe sobre o personagem.
A produção de baixo orçamento justifica a inserção de alguns momentos de humor bobo e o artifício de alguns enquadramentos com angulações distorcidas, cenários pintados ou telas de fundo enquanto a trilha sonora, misturando a batida eletrônica com o clássico, ajuda a provocar uma sensação de desconforto semelhante à do biografado.
Com fotografia de fortes contrastes, edição picotada e figurinos primorosos, #Tesla tenta sem sucesso desenhar as famosas rivalidades entre os inventores da época e até insere uma Sarah Bernhardt desnecessária para a trama, assim como o recurso da narração que mais soa como brincadeira do que como uma cinebio que o gênio merecia.
Assim, desequilibrado como quem anda de patins e repleto de alternâncias, nem Tesla e nem Ethan Hawke conseguem a eletricidade esperada.
Caso tenha curiosidade sobre o assunto, é melhor assistir o fraquinho “A Batalha das Correntes” pra ficar melhor informado.
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