#Surge, pra começar, traz um impressionante Ben Whishaw (vencedor do prêmio especial do júri World Cinema Dramatic por sua atuação no Festival de Sundance/2021), na pele de uma personagem que sofre um surto psicótico e sai pelas ruas de Londres cometendo, a princípio, pequenas transgressões que vão, aos poucos e muito rapidamente, progredindo numa escalada desenfreada que tangencia o surreal.
Filmes sobre doenças mentais em suas mais diversas formas, existem muitos e desde sempre, mas #Surto diferencia-se de todos pelo roteiro original – que não se propõe a fornecer nenhum diagnóstico e muito menos uma causa “estopim” - e pela cinematografia de mão com uma câmera nervosa, persistente e insistente nos closes que não nos coloca apenas como observadores impassíveis e sim como personas cada vez mais angustiadas com a atmosfera de ar cada vez mais rarefeito para a personagem.
Com pouquíssimos atores e com a ação centrada no incomparável Ben Whishaw que, a partir de um acúmulo de estresse passa, gradativamente, a lutar e a perder seu referencial de consequências / normas sociais, numa sucessão de ações tão imprevisíveis como altamente tensas e constrangedoras.
E a genial direção aproveita-se disso, inserindo uma banda sonora conturbada que reflete os ruídos e sons da caótica metrópole, produzindo uma experiência sensorial e visceral no público de uma forma expositora sim, mas de uma maneira tão íntima e pessoal que só nos resta acompanhar angustiosamente o colapso e torcer nossas mãos suadas esperando por algum alívio, mesmo que momentâneo, de tamanha dor psíquica.
Claro que vou assistir. Ben Whishaw é sensacional!