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Foto do escritorCardoso Júnior

Quo Vadis, Aida? – Bósnia – 2021


Continuo insistindo que nada ode ser mais informativo que o cinema internacional com suas preciosas histórias que geralmente desconhecemos ou esquecemos relegadas que são aos livros e páginas de história. Essa tarefa, de traze-las à tona com o impacto emocional de quem, ou dos povos que a vivenciaram, é uma das maravilhas que só a Sétima Arte consegue promulgar.

Esse é o caso do impressionante trabalho da diretora roteirista Jasmila Zbanic que, 15 anos após sua conquista do Urso de Ouro por “Em Segredo”, passa pelos festivais de Toronto e Veneza para conseguir entrar no seleto grupo dos 15 semifinalistas no Oscar 2021, com uma história tão real quanto tenebrosa contada de maneira quase documental e, sem dúvida alguma, genial pelo prisma ótico originalíssimo.


Fugindo literalmente da abordagem habitual dos dramas históricos de guerra, o inteligente e conciso roteiro inova ao centrar o drama em sua protagonista para retratar poucos dias em julho de 1995 quando o exército Sérvio invade a cidade de Srebrenica empurrando a população civil de bósnios para dentro (e fora) de uma precária instalação da ONU onde um pequeno exército holandês representa a Tropa de Paz e de negociações para finalizar o famoso e escabroso conflito.


É nesse cenário claustrofóbico, ainda que aberto (a instalação militar), que se desenrola todo o longa permeado de elementos de suspense que vão num crescente constante e interrupto, propiciados pela protagonista envolvida por uma sucessão de tensos acontecimentos que a colocam em energética ação contínua em meio a multidões, vielas e exíguos espaços no afã de salvar sua família.


Felizmente direção e roteiro nunca apelam ou utilizam de cenas mais horripilantes (apenas uma), uma vez que a obra foca em sua personagem central extraindo dela todas as gamas do medo humano diante de uma intuição catastrófica humanizando em rápidas e diversas camadas esse mesmo lado de todo o pequeno elenco secundário e os milhares de extras de todas as idades, optando por deixar as partes mais escabrosas em segundo plano para que o expectador compreenda a dramaturgia, estabeleça de imediato a empatia, se horrorize ou se apiede profundamente de todos envolvidos numa situação que parece sair de um filme de terror onde o lobo é o lobo do próprio homem.


Assim, #QuoVadisAida? , ou Para Onde Vais Aida? Configura-se numa genial maratona pela vida sem esquecer de sacramentar a ineficácia da ONU na administração do conflito e arrastando-nos juntos por infindáveis labirintos existenciais e emocionais num potente drama histórico de guerra com uma atuação tão poderosa que nos insere no âmago de uma mulher e eclodindo em nós uma sinestesia que ficará conosco muito além da hora e quarenta de tela.




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