O mais que polêmico novo filme da Diretora/Atriz e Roteirista, Emerald Fennell, que levou o Oscar de Melhor Roteiro Original em 2021 por “Bela Vingança”, é um potente e perverso thriller pontuado com comédia mais que ácida e crítica social que, certamente, encantará uns e chocará outros pelas ousadias de algumas cenas.
Ambientado no ano 2000, #Saltburn lembra levemente “O Talentoso Ripley””, mas sem criar terror ou suspense mesmo com seu plot muito simples, centrado numa construção de uma amizade bem natural, o roteiro vai escalonando-a para muitas formas de desejos que vão, aos poucos configurando-se em uma tenebrosa obsessão repleta de cenas embaraçosas, cômicas e, obviamente, trágicas.
A direção conduz seu roteiro sorrateiramente levando o público a achar que conhece o desenvolvimento e até, possivelmente o final, mas a astuta roteirista, brinca com isso só revelando a verdade muito, mas muito próximo do final, deixando-nos assombrados por não termos prestado a atenção em várias pistas que ela vai deixando pelo caminho. Brilhante!
O impressionante elenco dá um show de interpretações e, Barry Keoghan, (‘Os Banshees de Inisherin’), como há muito venho prevendo, atua com tamanha intensidade e profundidade que chega a nos confundir com sua personagem de uma maneira perturbadora, literalmente levando toda a estória nos seus ombros, através de seus brilhantes, argutos, doceis e perigosos verdes olhos. Se não fosse o Cillian Murphy em Oppenheimer, o Oscar de 2024 de Melhor Ator já estaria certamente em suas mãos desde já.
A fotografia é exuberantemente onírica transportando-nos para um sonho em alto contraste, as vezes sombras, às vezes luz natural, as vezes filtradas por cortinas vermelhas ou vidros embaçados, criando perfeito ambiente para que surja grande aumento de tensão e suspense como se estivéssemos dentro de um pesadelo labiríntico.
Trabalhar com a “noblesse oblige” para perversamente delimitar parâmetros entre o ‘eu amo” e o “quero ser como o objeto desejado” explorando ao máximo a sedução, pode ser e é tão assustador como um perverso jogo vampiresco de caça e caçador culminando numa coreografia de êxtase erótico e sociopática das mais impressionantes do cinema.
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