Analise 1.731
Os filmes da cineasta e ex-atriz francesa sempre primaram por um pouco de magia, de surreal neles o que pode agradar um certo público ou desagradar tremendamente outros ainda que ela sempre fale com muita propriedade sobre o feminino e as duras transições da juventude para a maioridade mesmo que se valha de um realismo mágico que represente o lúdico que está se esvaindo.
Particularmente aprecio seus trabalhos ainda que, pessoalmente, suas abordagens não me agradem tanto como é o caso de “Docinho da América” que pode ser lido clicando aqui: e, em Bird, a cineasta vasculha a vida de uma adolescente de 12 anos criada numa família disfuncional que vivem praticamente em um gueto e sua forma durona de enfrentar os percalços de relações maternais e paternais esfarrapadas, mas que se utiliza do lúdico – dos pássaros e sua liberdade de voarem para onde querem – para angariar forças para resolver todos os problemas que a cercam.
A diretora, como sempre, utiliza-se de uma trilha sonora ampla com músicas pop para impulsionar suas cenas e estória utiliza-se muito de câmeras de mãos, planos fechados, e uma fotografia mais próxima do cinema independente repleta de luz natural e sem grandes artifícios.
Iniciando sua narrativa, a diretora adota uma abordagem quase documental e crua das situações vivenciadas pela protagonista, mas surpreende no terço final ao alternar ou mesmo intercalar a bruta realidade fragmentos de um cinema fantástico onde, o importante nunca é se perguntar se tais acontecimentos são verossímeis, mas deixar-se levar no caminho das emoções que tais fatos podem proporcionar.
Contudo, eis a grande “armadilha” que ela corre pois nem sempre todos os públicos captarão a metáfora – a fuga da solidão - e se permitirá embarcar na premissa.
Esnobado no Festival de Cannes 2024, Bird tanto pode surpreender agradavelmente como desfavoravelmente, mas o que é notório e brilhante a a presença marcante de um dos maiores atores da atualidade chamado Barry Keoghan.
Se nada mais valer, vale tudo por ele!
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