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Foto do escritorCardoso Júnior

Pessoas Más – Bélgica - 2024

Analise 1.688

O diretor belga, Koen Mortier, em seu terceiro filme, nos leva para os limites impensáveis da violência familiar ao filmar a adaptação de um livro escrito por um psiquiatra baseado em seus muitos anos de experiência trabalhando com adolescentes problemáticos e, é muito triste essa informação, pois nos retira o alívio e a esperança de imaginarmos que essa história seria apenas um produto ficcional. Não é!

Isto posto, ainda acho importantíssimo deixar um alerta para mentes, estômagos e corações mais sensíveis para evitar sumariamente a história de Lian, um garoto de 17 anos, vítima, por anos, de violência doméstica infringida pelos próprios pais que extrapolam os limites de abusos físicos disfarçados de punições, repletos de humilhações e terror diários por pura e inconcebível crueldade.


Na verdade, a maior parte dessa triste e também macabra história se passa dentro de um centro de reintegração social para meninos administrado por apenas três assistentes sociais que fazem o impossível para trabalhar sua autoestima, no entanto, os outros meninos abrigados conseguem fazer do lugar um outro ponto de agressões e violências dificultando bastante as coisas para Lian, para os assistentes e para nós, simples e boquiabertos espectadores.


Felizmente alguns breves momentos da amizade e bondade nos aliviam dentro desse contexto tão sombrio, mas uma aura de violência está sempre pairando no ar e nos alertando que estamos perto de uma bomba armada para explodir a qualquer momento.


A cinematografia é excelente com a câmera de mão, sempre em movimento, nos aproxima das expressões e provações dos atores, a trilha sonora e o design de som se encaixam com perfeição e a atuação do nosso protagonista é digna de muitos louvores, nesse roteiro que mostra o quão é difícil manter esses abrigos e reabilitar meninos profundamente machucados no âmago de suas almas.


Então, para quem tiver vontade de acompanhar e enfrentar esses solavancos emocionais, deixo registrado, mais uma vez que se trata de um drama dificílimo, com alta tendência a tragédia, mas acompanhar os esforços do garoto para se tornar um ser uma pessoa boa nos prende do início ao fim sempre torcendo para que sua longa descida e permanência no inferno de uma família de drogados culmine em redenção.


Em tempos onde a violência domestica tem sido tão discutida e da crescente onda de marginalização de nossos jovens e o aumento do consumo de drogas #Skunk, sem fazer julgamentos, tem a árdua tarefa de abordar a complexidade dessas questões, já que todos nós somos produto e resultado de nossas criações, e o faz sem rodeios, deixando-nos sob forte impacto para muito além dos créditos finais.





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2 Comments


Guest
Sep 08

Queria saber se baseado em um caso, ou inspirado em vários casos.

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claudiajpcf
Aug 24

Suas análises são primorosas! Bravo!!!

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