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Foto do escritorCardoso Júnior

O Quarto ao Lado – Espanha – 2004

Analise 1.736

O grande vencedor do Leão de Ouro 2024, é o 25º longa de Pedro Almodóvar(75) é seu primeiro em língua inglesa embora já tenha feito os espetaculares curtas: “A Voz Humana” que pode ser lido clicando aqui  e o impecável Estranha Forma de Vida, aqui   já em inglês.


Estrelado pelas vencedoras do Oscar Julianne Moore e Tilda Swinton, o roteiro do cineasta baseado no romance de 2020 “What Are You Going Through” parte de uma premissa simples baseada em um pedido inusitado: Cansada de lutar contra uma doença terminal, uma mulher pede a sua amiga que esteja próxima a ela quando – e em breve – decidir tomar a pílula que porá por fim não só sua vida, mas todo o sofrimento que estaria a caminho.

Ou seja: Que ela fosse cúmplice de sua auto eutanásia, algo que é considerado crime nos Estados Unidos.


Nesse ponto, alguém pode estar imaginando um filme triste e lacrimoso, entretanto os roteiros do antigo cineasta irreverente e provocador vem se tornando cada vez mais compassivos e com tendências a reflexões (vide o último “Dor e Glória, aqui), e a narrativa acaba explorando muito mais as belezas da vida (mesmo com suas tristezas), tornando-se leve e acolhedor em sua proposta de falar e girar sobre a morte.


E, esse ponto é um dos grandes acertos da película, bem como algumas referencias cinematográficas bem interessantes, porém e ainda assim, acaba tropeçando desnecessariamente em suas pequenas subtramas e até mesmo inserindo dois personagens totalmente dispensáveis a trama, – e o número pode chegar a três – além da inserção de inúmeros diálogos com pretensões estilizadas que simplesmente não funcionam, não alcançam a erudição que pretendem e resvalam mais para frases de efeito enxertadas, assim como umas poucas falas nitidamente encaixadas para tornar o filme "politicamente correto".


E, assim sendo, com uma linha discursiva tendendo para o artificial, é claro que compromete as atuações das espetaculares atrizes que não encontram espaços gramáticos para atuações arrebatadoras dificultando nitidamente a química entre as duas, justo numa estória sobre a força da amizade.

Talvez por isso o longa venha sendo “esquecido” durante a temporada de premiações ainda que carregue com maestria uma das principais características de Almodóvar que é a sua espetacular sincronia com as cores que ampliam cada quadro trazendo beleza, brilho e elegância para cada sequência.

Depois de ter assistido absolutamente todos os filmes desse genial cineasta, desde o início de sua carreira em Labirinto de Paixões (1982), a impressão que me ficou foi a que a tentativa de “pensar” e se expressar em língua estrangeira, acabou prejudicando o andamento de uma estória que, ainda que carregue claras características artísticas do mestre, atrapalhou-se perdendo seu conhecido dom de hipnotizar o público.


Ainda assim, e os fãs que me perdoem, e talvez por conta do tema, acho que "Black Bird -A Despedida ( Tão pouco divulgado) ainda é infinitamente superior. Basta ler aqui.


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