#Notturno, indicado pela Itália para competir ao Oscar de Melhor Documentário, é um texto imagético, que tenta construir uma narrativa com base em imagens adquiridas nos últimos três anos na Síria, Líbano, Iraque e Curdistão, partindo da premissa que o final da Primeira Guerra Mundial e a derrocada do Império Otomano e as consequentes reconfigurações geopolíticas são responsáveis pelas conjunturas correntes na região, mas que constitui pouquíssima significação além da formação de um painel das circunstâncias em que vivem seus habitantes. As cenas no hospital psiquiátrico são nitidamente construídas e carecem de espontaneidade, o mesmo acontece na escola, onde se percebe as tentativas da professora de produzir as respostas desejadas das crianças que testemunharam monstruosidades perpetradas pelo ISIS, a quem o texto também responsabiliza, junto com a Al-Caeda, pelas agruras sofridas pelo povo da região, especialmente, na Síria.
Dito isso, o painel possui algumas imagens belíssimas, pois Notturno, trata da noite e suas fronteiras com o dia, registrando pores-do-sol e nasceres-do-sol lindíssimos, entre outras imagens tocantes, mas o documentário não evolui muito além disso. A fotografia é excelente, a direção falha em construir uma narrativa interessante, e os objetos de observação são carismáticos e diferenciados.
Notturno é um documentário constituído primordialmente por imagens, os poucos textos carecem de organicidade e parecem ensaiados, e que falha ao constituir significações para criar um fio condutor narrativo. Uma opção para quem gosta de belas imagens.
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