O representante da Bélgica no Oscar 2020 e vencedor do Camera D'Or no Festival de Cannes 2019 (melhor primeiro longa), marca a estreia do ator e diretor belga-guatemalteco, Cesar Diaz, que se propõe a contar-nos sobre a pouquíssima conhecida guerra civil na Guatemala e também sobre o menos conhecido ainda, genocídio maia (camponeses), ocorrido na década de 1980.
A narrativa é muito simples e parte através da ficcional estória de vida e trabalho de um jovem antropólogo forense que, através de um encontro profissional toma conhecimento da existência de uma distante vala comum nas montanhas onde podem estar os restos mortais de vários indígenas assassinados cruelmente pelo exército e, na qual, passa a acreditar estar também seu pai.
Pelo dito, não é um filme fácil de se ver mesmo com a direção evitando cenas mais chocantes, mas como contar sobre esse horror sem incomodar profundamente um público mais sensível? Não tem como. Mesmo buscando um tom mais didático que dramático, o roteiro explora o contexto sociopolítico atual no país, focando sempre nos que ficaram ainda que os portentosos traumas sofridos pela estrema violência do passado ainda assombram suas vidas.
Infelizmente, a opção pelo didatismo rouba da história uma maior carga dramática caminhando por uma previsibilidade que acaba deixando de lado um maior aprofundamento nas relações humanas ainda que a narrativa não deixe de emocionar em momentos pontuais ajudada pela trilha musical composta em piano que reforça tanto a dor como a indignação.
Grande parte do distanciamento que acomete o público é causado pela paleta quase sempre muito escura, a gélida interpretação do mexicano Armando Espitia e pela opção de colocar elenco não profissional, as mulheres indígenas – as mães do título-, reforçando o tom documental e deixando para os minutos finais uma revelação chocante que, quando chega, vem amortecida.
Assim, #OurMothers ou #Nuestrasmadres, configura-se numa história de mulheres muito sofridas e vale ser visto por quem desconhece tais fatos, mesmo que saia da obra desiludido com a espécie humana...
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