#CODA, escrito e dirigido por Sian Heder, baseado no filme francês “La Famille Belier”, é muito bem redigido, e traz todos os elementos de uma trama adolescente de superação, com as voltas e reviravoltas esperadas, baseadas em conflitos superficiais. A dramaturgia carece de densidade, tudo se resolve facilmente, ou em uma frase ou numa canção, tornando-o uma obra comum, ordinária, apesar do belíssimo apelo de todos os membros da família da protagonista serem surdos, gerando cenas emotivas, sem lastros emocionais, que até comovem e embelezam o produto final, mas sem tensões ou conflitos que perdurem mais de uma ou duas cenas, desvalorizando assim as conquistas da heroína, afinal, as façanhas são diretamente proporcionais aos obstáculos que a essas se apresentam, e quando as adversidades são brandas, também são as proezas. Entretanto, há uma cena muito bem desenhada, a dos pais assistindo pela primeira vez sua filha se apresentando no coral, além, de como já dito, ser um texto muito bom
A direção de Sian Heder é ótima, especialmente, no quesito condução dos atores, mas vale destacar sua criatividade cênica, que valoriza os apelos da surdez familiar. Marlee Matlin, vencedora do Oscar por Filhos do Silêncio, Troy Kutsur, e Daniel Durant, o elenco surdo, estão excelentes, tocantes, até. Emilia Jones tem uma ótima voz e faz um trabalho digno com sua personagem, e o resto do elenco é proficiente. O som desempenha um papel importante dentre os quesitos técnicos, se destacando, e os demais são todos muito bons.
#NoRitmoDoCoracao é um filme tangenciando o diferencial, mas sem nunca alcançá-lo, sendo mais uma trama adolescente, leve, que carece de conflitos e tensões mais retumbantes, mas seus apelos comovem os “politicamente corretos” que lhe agraciaram o prêmio de melhor filme dramático em Sundance. Não é para tanto, mas vale à pena.
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