#AsaGaKuru, ou #TrueMothers, indicado do Japão ao Oscar deste ano, já descartado pela Academia, é um grande dramalhão baseado no romance de Misuki Tsujimura. Em torno dos sempre oportunos temas da infertilidade e da adoção, tem como principais qualidade e defeito sua estrutura temporal narrativa, que funciona muito bem na forma de apresentar as estórias dos pais adotivos e dos naturais, mas que, do meio para o final do filme, torna a trama um tanto desconexa, na figura da personagem Tomoka, que aparece para criar suspenses, mas que acaba por criar confusão. Dito isso, o roteiro é interessante e contundente, e demonstra muito bem a inexorabilidade das consequências de nossas próprias ações.
A direção de Naomi Kawase, com maior experiência em documentários, imprime características desses na ficção, com um certo didatismo, no segmento da mãe biológica durante sua gravidez, para expor cenários comuns dessas no Japão, que envolvem inclusive a prostituição. Também, pode ser responsável pelo enevoar da narrativa, mas é muito firme na condução dos atores. O elenco é muito bom, e as duas protagonistas, nos papeis de mães, exprimem-se com plena consciência dos conflitos cênicos e de suas implicações, entregando atuações contundentes. Os critérios técnicos são competentes, mas a música oscila entre o interessante e o demasiado melancólico, desnecessariamente, pois a imagem já cumpre essa missão.
#MaesDeVerdade, um filme com temática interessante, que poderia ter explorado mais o assunto central, já com traços documentais, e suas ramificações, mas que, do meio para o final, acaba por confundir ao tentar imprimir suspenses, que são banalmente esclarecidos. Vale assistir.
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