Dói bastante para um admirador incondicional da filmografia de Xavier Dolan, que assistiu e escreveu sobre seus seis filmes, admitir que mesmo com elenco interessante, o roteiro do jovem ex gênio é uma promessa que nunca se cumpre, tediosa, longa, desconexa e irrelevante.
Após dois anos de produção, #TheDeathandLifeofJohnFDonovan, muitas notícias e especulações no mundo dos cinéfilos, a estréia do diretor revelação em Cannes em produção em língua inglesa, é uma conjunção de desacertos.
Com roteiro repleto de personas superficiais com conflitos tangenciais que não cativam, não encantam, não prendem e não dizem a que vêm nem nos diálogos clichês, o que nos fica é uma sensação palpável de constrangimento que percorre toda a minúscula estória e que está presente nas interpretações como se o potente elenco intuísse a falta de propósito em suas personagens e ficasse apenas no feijão com arroz da atuação com exceção unica de Jacob Tremblay.
Já na abertura, com 15 minutos de créditos disputando e interferindo nas cenas e legendas, até o mais inexperiente expectador percebe que algo de estranho há na cabeça do ex genial diretor-roteirista. Ok que em “ É Apenas o Fim do mundo” ( Analisado em 10/02/17) Xavier já não alcançara a magnitude de suas obras anteriores, mas estava lá, presente e com sua assinatura clara.
Aqui, ele assina também, mas o que há de pior: trilha sonora blasé, enquadramentos repetidos sem nenhuma inventividade, família disfuncional (por que mesmo?), a eterna figura da mãe problemática desencadeadora de conflitos ( que desperdício de Susan Sarandon), e as questões de cunho homo resolutivas de um protagonista tão sem sentido quanto um Kit Harington explicitando sua inexpressividade.
E, se você acha que a lista para por aqui, pode ter certeza que pode aumentar nos 120 minutos em tela, dentro de uma narrativa atemporal, onde tudo é sugerido e nada estabelecido, girando em círculos concêntricos que não ligam nada à coisa alguma ou, se ligam, tanto faz...
Okay Dolan, posso perdoar e, com certeza, tens créditos sobrando com seu público, mas a divida para com o cinema tornou-se monumental.
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