Há muito anunciado, mesmo antes da morte da diva Brasileira, essa cinebio que foca apenas no início da carreira da artista decepciona em muito não só os fãs, mas também aqueles que tiveram o privilégio de conviver com ela justamente nas décadas de 1960 a 1970, abordado pela produção e, diga-se de passagem, muito bem retratado no quesito figurinos.
É perfeitamente compreensível que um trabalho (no Brasil) com apenas 90 minutos de tela, conseguisse abranger uma vida inteira, riquíssima de histórias e fatos perfazendo toda a trajetória de uma artista de tal porte tornando-se “entendível” direção e roteiro preferirem fazer um recorte focado numa época específica. E, por aqui, paramos com as desculpas.
#MeuNomeéGal, fica muito distante e até indigno em sua honesta, mas pífia tentativa de biografar a grande artista inserida no contexto de uma época turbulenta quando o roteiro (o que falta no cinema nacional são bons roteiristas), carece totalmente de abordar com a força necessária o período (embora se esforce para politizar), caindo no banal e corriqueiro diante de uma necessidade de agilizar o conteúdo para caber no tempo de tela.
Outra gravíssima falha do roteiro / direção /edição e trilha está na forma com que bagunça a tentativa de priorizar a magnífica voz e performances da cantora deixando para comentários de outros personagens a exaltação ao talento desperdiçando ou mesmo descartando momentos memoráveis que falariam por si só. A edição é tão primária que deixa aparente a dissincronias entre canções e movimentos labiais e ainda por cima, fazendo uma mistureba entre a voz original de Gal intercalada com a voz da ótima e carismática atriz protagonista.
E, por falar em elenco, excetuando a competente e ousada Sophie Charlotte e os poucos momentos de presença de Luis Lobianco, todo o mais é bastante instável e irregular ficando nítido a falta de uma potente direção de atores que teria impedido tamanhos deslizes apenas pra não usar a palavra caricaturesco, já usando.
Há que se admitir que existe um bom uso de material de arquivo, mas que vai ladeira abaixo quando a técnica resolve utilizar ( ou misturar), filtros em muitas cenas para tentar aparentar uma gravação antiga, algo que deixa toda a estrutura fílmica bastante fake.
Por fim e ao cabo, #MeuNomeéGal, adota uma forma muito superficial, rasa e desinteressante de contar uma história riquíssima além de acabar bruscamente e, num claro exercício de indecisão artística e autoral, saltar para clipes da artista em sua maturidade.
Enfim, Gal merece ainda um trabalho que decididamente apresente sua real importância para o cenário musical brasileiro.
Comments