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Foto do escritorCardoso Júnior

Meu Irmão e Eu - Malásia – 2024

Analise 1.704

O candidato da Malásia a Melhor Filme Internacional no Oscar 2025 (bem escondidinho dentro da Netflix), é um mais que poderoso drama que explora não só questões familiares, mas também retrata com precisão o atual, precário e injusto contexto social malaio onde milhares de refugiados não são reconhecidos como cidadãos e, consequentemente, não tem nenhum direito (nem de receber documentos) forçando-os viver abaixo da linha da pobreza e sem esperança alguma de ajuda ou apoio das autoridades competentes.


Utilizando-se da estória fraternal e da união de dois irmãos e protagonistas (Abang e Adik), o escritor e diretor Lay Jin Ong, em seu primeiro longa-metragem, retrata com extremo realismo vidas que margeiam perigosos abismos de desesperanças e lutas diárias tendo como cenário os lúgubres mercados de Kuala Lumpur, suas cercanias e cortiços, trazendo-nos uma narrativa comovente que vai do sublime e poético em sua primeira metade até o trágico em seu desenrolar. 


Fugindo brilhantemente das armadilhas e clichês que poderiam classifica-lo como mais um melodrama, a direção investe sempre muito segura em um realismo estrutural, fazendo do cotidiano dos irmãos uma visão muito íntima e honesta da penosa vida de toda uma enorme população considerada apátrida e, sem truques para dramatizações além do necessário.

Com fotografia com paletas de tons terrosos acentuando uma atmosfera de pobreza, de precariedade circundante e uma trilha sonora que amplifica e solidifica a liga narrativa, Meu Irmão e Eu é a prova cabal que é possível fazer um cinema de interesse universal, ainda que com baixo orçamento, e envolver profundamente e emocionalmente o espectador na vida de seus personagens dentro de uma belíssima estória de amor e sacrifício fraternal.


Com atuações impactantes e uma cena portentosa, perto do fim, que, por si só, narra tudo o universo da própria estória sem nenhum único som, sem nenhuma palavra verbalizada, nota-se o quão hábil e talentoso é o diretor em seu grito silencioso e nada convencional, em seu apelo por uma sociedade malaia onde a justiça e a igualdade possam, por fim, prevalecer...um dia.


 TRAILER




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