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Foto do escritorCardoso Júnior

Maria – EUA – 2024

Analise 1.724

O diretor chileno, Pablo Larraín, é conhecido por suas cinebiografias de Jacqueline Kennedy Onassis ( Jackie) que pode ser lida aqui e da Princesa Diana (Spencer) que também pode ser lida aqui o que sempre foi e é uma grande vitrine para seus atores que, normalmente, acabam indicados para prêmios como é o caso de Angelina Jolie já indicada para o Globo de Ouro e, certamente e merecidamente, aparecerá no Oscar também.


Fica óbvio que Jolie se preparou exaustivamente para este papel inclusive aprendendo a cantar ópera e Larraín criou várias faixas onde mistura as vozes da atriz e de Callas o que mostra a paixão de Jolie pela personagem e sua fantástica dedicação ao papel. Para mim, isso não surpreende, pois atores americanos cantam, dançam, sapateiam além de interpretar.


Quanto ao filme propriamente dito, é importante ressaltar que os filmes de Larraín não são para todos os públicos., uma vez que ou você imerge juntamente com ele na construção e personificação da personagem ou não, nunca cabendo um meio termo apreciativo.

 

No caso, a história começa justamente na última semana de vida da soprano e Deusa da ópera vivendo em seu enorme apartamento em Paris muitos anos após se aposentar dos palcos com seus 53 anos, revivendo suas magnificas apresentações passadas, sua vida amorosa e seu triste vício em remédios que a faziam ter alucinações que a dificultavam de distinguir o real do imaginário, embora levando uma vida normal, com direito a passeios por Paris e visitas a restaurantes. Nada de uma mulher acamada, mas muito de uma mente onírica o que proporciona belíssimas e surreais imagens e cenas.


Na verdade, em Maria, a realidade é distorcida não só pelo roteiro e diretor, mas também pela personagem, é mais como um sonho acordado onde o imaginário entremeia-se com o real e, ainda que nos mostre a vida e, principalmente, a personalidade forte da soprano, nunca é uma biografia padrão como se esperava fazendo com que a cinebiografia aconteça a contento – com inúmeros flashbacks de várias eras e em estilos visuais diferentes - mas nunca decola emocionalmente falando, mesmo com os belíssimos números operísticos, figurinos, fotografia e irretocável design de produção sem mencionar o ótimo elenco de apoio.


Infelizmente, no fim, após fugir todo o tempo de uma biografia tradicional, a opção por mostrar rápidos momentos da verdadeira Callas evidencia exponencialmente a diferença entre biografada e atriz e, mesmo que a performance da segunda seja irretocável, a mágica perde grande parte do encanto.



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