Eis mais um daqueles casos raros e felizes no qual o cinema me ensina um pouco mais sobre esse mundão de Deus! O Butão, o minúsculo reino budista situado no extremo leste do Himalaia, também conhecido como o “País da Felicidade” concorre a uma vaga no Oscar 2021 com esse singelo trabalho.
O cineasta e fotógrafo butanês, Pawo Choyning Dorji, roteiriza e dirige seu primeiro longa gravado em grande parte nas elevadas alturas onde situa-se a escola mais remota do mundo (5.000m acima do nível do mar) cravada em uma das áreas mais isoladas e subdesenvolvidas também, sem focar nem em miséria e nem na pobreza uma vez que o objetivo é o contraste entre estilos de vida e objetivos diferentes mesmo dentro de um território tão pequeno.
Ao colocar o jovem e desmotivado professor butanês em sua jornada – peregrinação aos píncaros do mundo para ensinar na referida escola quando sua vontade é imigrar para a Austrália e tentar a carreira de cantor, por certo encontraremos uma previsibilidade (quase ingênua), no andamento de um roteiro despido de grandes conflitos, mas a cenografia única com imagens impressionantes aliada ao elenco autêntico de nativos locais expressando com calma e naturalidade budista sua cultura única e seu modo de vida, reúnem vários elementos que agradam em cheio qualquer público.
Ok, ok, que o arco do protagonista é achatado muito rápido deixando-o quase sem função na trama, porém saber da vida dos aldeões, suas histórias, as alegres crianças, suas crenças, sonhos, fainas, canções e do respeito inigualável atribuído a profissão de professor – aquele que pode “tocar o futuro” – é absolutamente cativante em seus 100 minutos de duração.
Assim, #LunanaAYakintheClassroom, com tomadas de grande angular para capturar vistas deslumbrantes repletas de detalhes vívidos que nos causam enorme sensação de liberdade diante das imensidões, e belas composições de sombra e luz nos interiores, é uma história simples (mas nunca simplória), sobre o poder da música e da educação na comunhão dos seres num recanto que provavelmente nunca mais você verá em tela.
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