La Llorona, representante guatemalteco nos Oscars, combina o drama político e o terror com muita habilidade. O roteiro aborda o julgamento de um general da ditadura acusado do genocídio de nativos Maias, para usurpar suas terras ricas em petróleo. O texto evolui no fantástico vagarosamente buscando sempre referências nos fatos para justificar seus conflitos, até que, nno final, descamba completamente para o fantástico, que na figura da Llorona, uma mãe que perdeu seus filhos para a repressão, busca retratação e vingança daquele que os dizimou. Mesmo no sobrenatural, todas as ações são executadas por humanos, mesmo que sobre sua influência.
A trama é mais uma que busca reparação cultural ou histórica de abusos passados, mas se tal fizermos, retroagindo no tempo, a humanidade não fará outra coisa, pois injustiças sempre ocorreram, e, pior, ainda ocorrem – vide disputas sangrentas entre tribos africanas que, entre decapitação e decepação, deixam milhares de mortos e incapacitados –, mas a realidade, por mais triste e cruel que possa ser, é que na evolução humana sempre houve vencedores e perdedores a custos tremendos. Mais eficaz seria despender energias para cessar barbáries correntes e evitar que novas aconteçam.
A direção de Jayro Bustamente é excelente, escolhendo planos e distanciamentos que valoram o suspense e o medo, além de utilizar com beleza e inteligência a nudez. A atriz que interpreta a matriarca é excepcional, mas todo o elenco é ótimo. Fotografia e música contribuem muito para o terror; figurinos e cenários são demais oportunos, e a edição é excelente.
#LaLlorona ostenta o terror para denunciar situação de abusos e crimes na Guatemala, nos moldes do que já vimos em outros países de regimes, ideologias, e sistemas políticos diversos que se repetem na história, pois a natureza humana e seu, tão menosprezado, instinto de sobrevivência impulsionam, e sempre impulsionarão, a humanidade em direções nem tão nobres ou justas.
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