Analise 1.714
O vencedor do Prêmio do Júri no festival de Cannes 2024 que também arrebatou o prêmio de interpretação feminina para o conjunto de atrizes do elenco além do Premio do Cinema Europeu de melhor montagem e também o representante da França no Oscar 2024, é espetacular, ousado e inventivo por desafiar e mesclar gêneros cinematográficos brincando, aguçando surpreendendo, superando e quebrando todas as expectativas do espectador.
O diretor, roteirista e montador, Jacques Audiard, ousa misturar alta teatralidade dentro de uma técnica experimental que mistura vários elementos estéticos e temáticos aglutinando ideias espinhosas -mescladas com o cômico, bizarro e até o esdrúxulo - com imagens deslumbrantes compondo uma narrativa que mistura, no exato equilíbrio, um poderoso suspense, um thriller policial que também passa pelo musical com ótimas coreografias, feito na França, ambientado em um turbulento México, falado quase todo em espanhol criando um verdadeiro épico musical sobre gângsteres que coloca o espectador em máximo alerta da primeira cena até a última em seus 132 minutos.
Impressionante!
Essa saga, ou ópera pop, que aborda de forma avassaladora temas como questões de gênero, criminalidade, redenção, remorso, identidade e evolução humana mantêm a fascinante narrativa em ritmo acelerado com inúmeras elipses estilísticas, repleto de constantes atritos e muitos desvios quebrando a tensão através da música e dança – que refletem os pensamentos mais íntimos das personagens – contando-nos a jornada de quatro mulheres mexicanas em busca da felicidade em um terreno minado.
Com fotografia que se equilibra perfeitamente entre simetria e caos e atuações primorosas onde
Zoe Saldaña brilha exponencialmente, não tem como não se deslumbrar com o design de som, a mais que feérica e impressionante montagem e edição dentro de uma cinematografia impactante que gera e mexe com nossos sentimentos de forma profunda tanto para o bem quanto para o mal neste que é, sem dúvida, o filme mais ousado e original de 2024.
Ok que algumas questões e ou aprofundamentos ficam algo inexploradas e carentes de maiores aprofundamentos, mas, isso, em nada retira ou prejudica a sinergia de um filme que trabalha com excelência a realidade contemporânea do México em contraponto com um mundo metafísico, onírico e até divertido de suas personagens transitando constantemente e insistentemente entre o caos o controle e o caos.
Por fim, para mim, fica evidente sua presença marcante na temporada de premiações pelos motivos acima expostos, pelo ineditismo e por seu exercício inovador de gênero, e pela audácia de experimentar contar-nos algo conhecido de forma que nunca vimos e pela coragem de nos levar por uma vigem emocional e comovente de forma tão inédita.
Felizmente, comprado pela Netflix para distribuição, em breve entrará no catálogo, então, boa viagem para todos que não pensam ou veem cinema e arte apenas de forma engessada!
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