Luc Besson é um respeitadíssimo diretor, produtor e argumentista do cinema francês já tendo nos dado obras espetaculares tais como O Profissional, O Quinto Elemento e Lucy apenas para citar alguns.
Então, para apreciar devidamente esse seu último trabalho é necessário saber que o cineasta busca em suas obras intercalar realidades com absurdos extrapolando limites compondo quase sempre filmes que brincam com o inacreditável e, se você conhece essa assinatura está pronto pra gostar de #Dogman, caso contrário, não será assim tão fácil apreciá-lo. Como sempre digo e insisto, Cinema também é o conhecimento das linhas criativas de cada diretor e, sem ele, muitos filmes podem deixar de trazer a experiência cinematográfica em sua essência. Afinal, Lucy se transforma em um pen drive...
Isto posto, acho importante não confundir esse filme com “Dogman” do genial Matteo Garrone que leva o mesmo nome e que você pode ler a análise clicando aqui, embora esteja algo inspirado no Húngaro e ótimo “Deus Branco” que também pode ser encontrado clicando aqui.
Pois bem, Dogman é a estória de sobrevivência de um menino, um adolescente que se tornou um homem depois de muitos martírios e que entendeu desde cedo que o ser humano pode ser um poço de maldades e insensibilidades ao contrário do amor genuíno que sempre recebeu de seus cães, ao mesmo tempo que, ao perder todas as esperanças ainda jovem tornou-se um adulto recluso, mas resiliente em busca de alguma aceitação humana pese todas as rejeições e frustrações e só encontrando prazer na arte de representar, na literatura e, claro, na convivência diária com seus amigos e protetores caninos.
Ao criar um personagem altamente complexo, enigmático e carismático do qual não conseguimos despregar os olhos, Luc Besson, mergulha em um estudo de alma levando-nos no tempo à vários episódios de sua trágica vida, não sem inserir quase um toque cômico que fica mais pela ironia irreverente de uma alma tão atormentada que se permite rir em muitos momentos do seu próprio destino.
Por certo o diretor está ciente que ousou criar um filme que pode ser visto como uma proposta brilhante e que poderá tornar-se cult ou ser decepcionante para alguns, a despeito de seus belos momentos poéticos e filosóficos com sua riqueza de detalhes realçados por uma iluminação magnífica onde a fotografia tem lugar de muito destaque juntamente com a trilha sonora onde descobrimos momentos de Marlene Dietrich, Edith Piaf e até Marilyn Monroe.
Por fim, vale ressaltar as cenas onde nosso protagonista - que trabalho magnifico do ator e músico norte-americano: Caleb Landry Jones - se torna uma drag queen em belas sequências impactantes e, por mais que seja uma tragédia em cena, - com algumas cenas de violência- Luc desafia e provoca seu público com vários momentos de fantasia que resultam deliciosos, pecando apenas em configurar seu final para um anticlímax ainda que pertinente.
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