Definitivamente, após tantas decepções com os filmes premiados no Festival de Berlim, pretendo não vê-los mais depois deste vencedor de nada mais, nada menos, que melhor roteiro. Como assim?
Partindo de uma ideia original pontuada por um narrador que a abre com: “A história real é inspirada numa história falsa e a história falsa não é muito inspirada”, há que se presumir uma boa entrada para uma narrativa permeada de humores ácidos que facilmente levariam a risadas no desdobramento farsesco, mas as várias estórias sobre algumas crianças ( e famílias) moradoras de um mesmo bairro, frequentando a mesma escola, deixa-nos até sua metade com a nítida sensação que a estória não nos levará a parte alguma.
Ok que além deste ponto há uma compreensão que tanto direção quanto roteiro pretendem transitar por questões muito sensíveis como famílias negligentes e abusivas e o extremo perigo de professores nefastos, afinal o título em português, fábulas más, já nos remete a essas possibilidades mesmo que, em nenhum momento, nenhum personagem receba aprofundamento / desenvolvimento e, portanto, nenhum conquista nossa empatia para que possamos minimamente nos importar com suas trajetórias.
Além disso, #Favolacce tem no roteiro e direção escolhas díspares, hesitando e oscilando para definir um conceito narrativo e estético, ora abordando cenas com muita seriedade, ora tangenciando a troça, ora fechando a tomada em closes, ora captando do mais distante, criando um distanciamento que, para um diário, perde toda a força imagética e consistência textual.
Transitando entre o sombrio-macabro e a comédia de incômodos, #BadTales, com suas sequencias de absurdos prepara e chega ao clímax buscando causar impacto no público que, já afastado emocionalmente das personagens, pouco sente ou lamenta, apenas se surpreende...levemente.
Favolacce é como uma potente bomba caseira que parece perigosa, mas que, incompleta, é só um emaranhado de fios desconexos com pretensões bombásticas.
Ps1: Disponível em VOD
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