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Foto do escritorFábio Ruiz

Cinderella – EUA – 2021



#Cinderella, escrito e dirigido por Kay Cannon, é um lobo em pele de cordeiro, pois, por um lado, se apresenta como um filme infantil para a família, e, por outro, vem imbuído das piores mensagens progressistas imagináveis, que o fazem totalmente inadequado para menores de dezesseis anos. O roteiro começa com o “voice over” dizendo se tratar de uma estória antiga em um reino antiquado preso às tradições, mas que essas estão prestes a ser quebradas, e seu desenvolvimento cumpre a palavra da introdução, cena após cena, carregado de mensagens progressistas, que, não refletem o pensamento da maioria da população.


Além das constantes e óbvias mensagens feministas, que diminuem o papel dos homens na sociedade, desvirtuando o objetivo do movimento, que seria por igualdade, e não supremacia, —ou, afinal, seria por hegemonia feminina? É o que o texto transparece —, em todas as cenas há mensagens, levianas e desprovidas de lastro conceitual e argumentativo, seja pelo meio ambiente, ou outra agenda progressista, mas há uma em especial que extrapola todos os limites do bom senso e da razão, que o texto explicitamente despreza, provocando repulsa: na cena das pretendentes do príncipe, a primeira, já com feições, trejeitos e comportamentos masculinos, cujos diálogos deixam claro tratar-se de uma homossexual, em um deles diz explicitamente: “eu te prometo, senhor, você pode ficar vagabundeando com os seus manos alegres”, — insinuando a bissexualidade do príncipe, que não a nega —, “e eu terei outros interesses”, — mulheres, obviamente — “nós nunca precisaremos ficar juntos, exceto nos eventos reais, planejamentos de guerras, e” — pasmém — “quando teremos que nos engajar na prática repugnante de fazer filhos”. Ora, não há nada mais lindo do que um ato de amor entre duas pessoas, mas um, entre um homem e uma mulher, que gera uma vida, supera todos os outros, e, explicitamente, repudiar tal beleza em um filme para crianças chega a ser criminoso. A cena ainda segue ladeira abaixo, com mais questionamentos da sexualidade do príncipe e afirmação de sua inferioridade intelectual.


As músicas do filme são todas clichês, como “material girl”, para endossar tais mensagens, mas o filme se equivoca em diversas questões. Primeiramente, não quebra paradigma de cores, mantendo a rosa em todos “melhores tecidos”, segundo Cinderella, e no seu vestido do baile; a fada madrinha se apresenta como a madrinha fabulosa, interpretada por Billy Porter, homossexual, comumente vestido de mulher, a quem as personagens ratos se referem como “ele”, rompendo com todas as teorias identitárias que deveriam seguir o sexo pelo qual a personagem se apresentou; a pequenez da Rainha em se incomodar com uma coisa tão mesquinha como a altura dos tronos dela e do rei; entre outros equívocos que contradizem teorias, ideologias, proselitismos que não se sustentam racionalmente no mundo real e, como se pode conferir, também na ficção.


A direção de Kay é fraca, com movimentos de câmera bruscos, que incomodam, e enquadramentos e distanciamentos indistintos, além de não conduzir os atores com mãos firmes. Camilla Cabello, como atriz, é uma cantora fraca, Nicholas Galitizine faz um trabalho justo, Minnie Driver, Pierce Brosnan e Idina Menzel salvam o elenco, com as as atrizes que interpretam as filhas da última, e Billy Porter e James Corden estão péssimos em seus papéis, fazendo o que fazem igual em qualquer outro, independente da produção. Quesitos técnicos são bons, mas a dublagem, pois todos os filmes de Hollywood são dublados mesmo para o inglês, está discretamente dessincronizada, o suficiente para incomodar, especialmente, em um filme musical. Percebe-se isso demais na personagem principal e na madrinha fabulosa.


#Cinderella, um filme que extrapola todos os limites do bom senso, do bom gosto, e da moral para levianamente promover mensagens dos progressistas, que a grande maioria despreza. Um lixo cinematográfico.


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