#CancionSinNombre, candidato peruano ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, é mais um filme sobre os descalabros dos tempos de exceção, comuns na renitência do capitalismo às tentativas de suplantação pelo comunismo, através de militâncias armadas, ocorridas na maioria dos países da América Do Sul, nas décadas de 60, 70 e até 80, focando cenário no Peru, no final da década de 80, quando crianças de famílias miseráveis eram roubadas para a adoção no exterior. Baseado em fatos reais.
Não desmerecendo as dores e os sofrimentos de todos que foram martirizados por esses regimes de exceção, com total empatia pelos suplícios a que foram submetidos, e reconhecendo monstruosidades perpetradas, é interessante esta análise ressaltar que, independente de todos os calvários, toda a iniquidade, todos os absurdos, e toda a repressão, essas histórias, provenientes de investigações difíceis e arriscadas, vieram à tona, puderam ser contadas, e que apurações foram realizadas dentro desses regimes, por mais fatigantes, complexas e periclitantes que fossem; e comparar com cenários correntes, em regimes correntes ou de não exceção, e totalitários, onde essas possibilidades, por menores que fossem em muitos países dominados por ditaduras militares, são impossíveis em países como China e Cuba, por exemplo, de onde pouco vemos, ou nem vemos, filmes denunciando atrocidades, que sabemos existir, como os campos de reeducação de muçulmanos, os massacres de monges tibetanos e o desaparecimento de jornalistas independentes na China, os assassinatos de homossexuais em Cuba, por Che Guevara e Fidel Castro, entre tantos outros descalabros, cujos pormenores e história jamais verão a luz do dia. Felizes os peruanos, que, embora todo o sofrimento, podem narrar suas agruras.
A direção de Melina León é muito boa, embora sua estética pareça similar à de Roma, de Alfonso Cuarón, diferencia-se pelo formato quadrado, é belíssima, e a condução dos atores é firme. Do elenco, vale destacar a atuação de Pamela Mendonça, a protagonista, como Georgina, e a de Maycol Hernández, como Isa, que traz leveza e perspectivas à estória.
#CancaoSemNome, #SongWithoutAName, é mais um filme interessante relatando despautérios dos regimes militares na América do Sul, que acaba por expor disparates ainda maiores em países cujos regimes, que os militantes derrotados aqui tentavam implantar, não permitem nem a exposição de tais absurdos. Vale assistir.
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