O documentário que representa o Brasil na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2021, e também vencedor do Melhor Documentário no Festival de Veneza/2020, é nitidamente um poema de amor ao homem Babenco, ao seu amor pelo cinema e sua trajetória de vida e morte.
Desviando-se da linha das biografias convencionais, o roteiro opta por abordagem caleidoscópica misturando momentos da vida do artista com inúmeras mini cenas de seus nove filmes bem como alguns momentos de bastidores compondo uma estrutura narrativa bastante confusa e oscilante misturando o real com o onírico num artifício metaficcional desfocado que fragmenta e engessa a narrativa.
A utilização da elegante estilística em preto e branco oferece panorâmicas belíssimas em contraponto com takes aleatórios, difusos e sombrios alternando entre materiais de arquivo e de imagens inéditas em um claro exercício de busca de um estilo único que resulta numa atmosfera ensaísta e experimental que acaba diluindo o pico de interesse do público que desconhece a obra do diretor, mas pode encantar quem a conhece mesmo com a torre de babel linguística que só a legenda pode ajudar .
Na construção da narrativa nos fica evidente o carinho da direção pelo retratado ao mesmo tempo em que o uso de inúmeros simbolismos não se conecta ao todo por conta de uma edição trincada onde vários planos flutuam ou boiam à deriva em águas subjetivas e mórbidas que em nada ajudam conceber uma visão mais acurada sobre homem/obra.
As pertinentes imagens registro da cerimônia do Oscar que surgem como divisor de águas na vida do artista, também soam, discretamente, como um apelo a simpatia da Academia -algo que pode funcionar ou não - devido ao abstrato que permeia o real dentro da proposta amorosa-sensorial, num conjunto de imagens e sons que nunca surpreendem ou apresentam inovadoras percepções sobre a cinematografia de Babenco.
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