Lançado no Festival de Sundance/2020 e baseado na autobiografia de Gloria Steinem (Minha Vida na Estrada), a diretora e corroterista Julie Taymor (Frida), tenta abranger a vida completa e tumultuada da famosa ativista fugindo do escopo das biografias tradicionais ao reunir quatro Glorias, em quatro etapas vividas, que interagem entre si buscando reflexões sobre dúvidas e atitudes tomadas ao longo de toda uma trajetória marcante que resultaram no movimento de libertação das mulheres lá nos idos de 1960 e 1970.
Construindo bem grandes saltos temporais, muito bem divididos pela ótima fotografia que alterna diversas texturas como o uso do P&B, o desbotamento que remete as memórias infantis e paletas mais vibrantes no futuro aliadas ao espetacular trabalho de figurinos, a narrativa descamba para algumas duvidosas escolhas artísticas como algumas inserções de efeitos visuais e animações surrealistas que muito pouco acrescentam e que esticam o longa para quase 2 horas e meia de projeção.
Mesmo com a continuidade bem cuidada, contando com o trabalho de duas carismáticas vencedoras do Oscar e brilhantes participações de outras atrizes representando mulheres importantes dentro do período e que, literalmente, roubam as cenas que aparecem trazendo um tom mais divertido ou emocionante, o roteiro abre mão de jogar mais luz sobre a protagonista deixando escapar a importantíssima oportunidade de fazer um estudo mais profundo da personagem, indo mais além da persona pública em detrimento dessas desconcertantes escolhas acima comentadas, optando por focar mais no brilhante trabalho desenvolvido que na mulher em exposição.
Assim, #TheGlorias, apesar da extrema relevância temática, é uma obra longa demais por conta da estrutura conceitual que oscila de forma atrapalhada entre vários e irregulares tons, perdendo a grande oportunidade de fazer uma radiografia da mulher que mudou o mundo das mulheres.
Ou tentou com muito afinco...
TRAILER
Ps1: Disponível na Prime Vídeo por enquanto nos EUA e Canadá.
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