A Metamorfose dos Pássaros sofre de crise de identidade. Aos que o desconhecem parece uma ficção, que ao final se revela um documentário. A estória é contada por diversos narradores, um em terceira pessoa, os outros em primeira em nome de personagens. O esquema narrativo, apesar de confuso, é até interessante, porém enfadonho, pois, o que deveria ser um filme parece mais um livro visual.
O texto, bastante poético, combina demais com as imagens lúdicas associadas, reforçando a ficção, mas ao final se descobre tratar-se de um documentário, cuja função é uma catarse familiar, de pai e filha, a diretora do filme e autora do texto, sobre a perda prematura de suas mães. Apesar da relevância do tema, trata-se da intimidade, da particularidade de uma família, provendo pouco conteúdo, e ainda menos interesse, àqueles de fora da família Vasconcelos, a quem a obra parece destinada.
A direção é ingênua, inocente, e inexperiente, talvez um fardo um tanto pesado demais para alguém em seu primeiro longa-metragem que versa sobre um assunto tão íntimo que a distância saudável entre criador e criatura inexiste, perdendo oportunidades de um melhor desenvolvimento da trama. O elenco, entre atores e familiares da diretora, inclusive a própria, funciona, mas não se destaca. Vale ressaltar as belíssimas fotografia e música que compõem o texto organicamente adicionando lirismo. Por fim, apesar de serem produzidas apenas para adicionar à poética, algumas são de beleza impar.
#AMetamorfoseDosPássaros , candidato ao #Oscar2022, é um documentário pouco característico, com função social pouco determinada e mais a serviço de experiências particulares, mas que podem cair como uma luva para pessoas com vivências similares.
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