A adaptação do musical ‘The Prom’ em cartaz numa plataforma de streaming, com elenco mais que chamativo, é pouco mais que uma receita politicamente correta e enjoadíssima, feita sob encomenda para ser servida e tentar agradar na próxima temporada de premiações.
Com roteiro dos mesmos escritores da peça original vendido como comédia musical, desanda por conta do tamanho excessivo de alguns atos com inúmeras cenas dramáticas ocas e muitos momentos exagerados dilatando o pico de interesse onde, a direção aposta em enquadramentos gerais e até em algumas vistas aéreas – bem estilo "Glee"- criando um visual embriagante, rodopiando em volta dos personagens buscando maquiar os inúmeros equívocos que vão compondo uma sonata sonífera.
O elenco “mais velho’ se empenha no humor exagerado, repleto de caretas acompanhadas de diálogos pseudoirreverentes que destoam da pegada genuinamente mais leve do enredo original, enquanto apresentam músicas esquecíveis (duvido que alguém saia cantarolando-as), através de coreografias mecanizadas sem a conhecida e esperada espontaneidade que pede um musical.
Apostar todas as fichas em Meryl não salva o todo e ainda fico pensando como Nicole se sujeitou a um papel sem graça e sem peso que a deixa praticamente fora de quase todos os frames (as mãos trabalham mais que ela toda), numa conjunção de grande elenco que nunca fornece a coesão de um conjunto, outro elemento fundamental no gênero.
Por fim, #TheProm com sua fotografia saturada que transforma a Broadway em Las Vegas, o chamativo figurino glitterizado e as horríveis perucas distraem da evidente debilidade do drama que se esvai para um melodrama cantante mesmo dentro da nobre proposta de dar força e visibilidade aos adolescentes LGBTQ, resultando apenas numa diversão tão garantida quanto esquecível.
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