Mais uma adaptação teatral trazida para o cinema e que, desta vez, se não erra a mão totalmente como é bem comum acontecer, acerta na captação da atmosfera, insere um estupendo ator-personagem e mesmo que mantenha a necessária atmosfera claustrofóbica não passa a impressão de teatro filmado.
Para quem conhece o trabalho de Darren Aronofsky, já sabe que estará dentro de um profundo e intenso estudo de personagens que pode e certamente irá incomodar, polemizar e provocar.
Utilizando-se do plot da obesidade mórbida (suas causas e consequências), sem nenhum teor pejorativo - como querem ver os chatos-encrenqueiros sempre de plantão – Aronofsky constrói, dentro de um mesmo cenário, um drama pungente que abarca temas como: obesidade, autodestruição, reclusão, homofobia, religiões castradoras, decisões erradas, lutos profundos e depressão em alto grau. Sim, eis uma conjuntura de assuntos que em sua composição trazem um peso dramático enorme para a obra gerando em nos um turbilhão de emoções.
A proporção de tela em 4:3 em muito ajuda para o clima de “esmagamento” de espaço e para ressaltar as dificuldades de locomoção do nosso protagonista enquanto a câmera em planos fechados nos coloca na limitada perspectiva do personagem e, mesmo quando os planos se abrem um pouco mais para “caber” o elenco de apoio, ainda assim, a sensação de confinamento é angustiante.
Brendan Frazer é a alma desse drama numa atuação que muito lhe exige das expressões faciais apresentando uma performance digna de louvores e muito ajudada pela excepcional Hong Chau (ambos legitimamente indicados ao #Oscar2023).
Para quem se animar, é bom não esperar sutilezas por parte do roteiro que é visceral numa estória sombria recheada de temas importantes que em muito provocam reflexões até que por fim, no fim, a luz adentre o recinto.
Doida pra assistir. Sua opinião é sempre referência.