Após o estrondoso sucesso de “Parasita” e do diretor Bong Joon-Ho, é quase obrigação de um cinéfilo dar uma espiada na filmografia do diretor por pura curiosidade cinematográfica, não? Sim!
Então, o perturbador drama policial baseado em fatos ocorridos na Coréia durante os anos 80, que envolvem um serial killer, corroteirizado pelo diretor, foge genialmente do gênero thriller adentrando numa vertente narrativa que utiliza o recurso do humor para compor um realista quadro da penúria institucional que compunha o departamento de polícia coreana naquela época através dos bizarros métodos investigativos e, ainda, como pano de fundo o contexto sócio-político do país.
Inicialmente construindo atmosfera leve avivada pela paleta de cores, aos poucos e sem nenhuma pressa, Bong vai nos levando para um clima bem mais soturno ressaltado pela inquietante fotografia que capta e transmite imagens escuras em longas tomadas sem cortes em incríveis planos abertos com muita chuva amplificado pela cadência de uma trilha sonora que enfatiza o suspense e o mistério, mantendo o pico de tensão e mistério a despeito dos ótimos momentos de comicidade embaraçosa.
Outro grande trunfo de #Memóriasdeumassassino é a escolha de todo elenco - encabeçado pelo experiente Song Kang-ho - inclusive dos coadjuvantes, proporcionando a simplicidade de uma trama nada complexa, mas que se torna interessantíssima, um resultado final equilibrado com maestria e a cadencia de quem, há 17 anos, já tinha assinatura legível e muito bem definida.
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