#RetratoDeUmaJovemEmChamas, escrito e dirigido por Céline Sciamma, traz uma trama simples, imbuída de conjecturas riquíssimas, que valorizam, e muito, o produto final. Partindo de um conflito comuníssimo, a não conformação com o destino que lhe foi reservado, Sciamma constrói outro que conduz a estória, a confecção do retrato de Héloïse, encomendado à Marianne por sua mãe, para que o trato de seu casamento com um milanês seja concluído.
E, permeando este ordinário cenário, os caleidoscópios de fatos e características que envolvem, as duas protagonistas, Marianne e Héloïse, e Sophie, a empregada da casa, que juntas, no processo de conformação com seus destinos, irão viver em alguns dias, muito do que não viveriam no resto de suas vidas. E, além das complexidades das personagens desveladas ao longo da projeção, o roteiro de Céline, impregnado de literariedade, constrói um enredo clássico, bem constituído, com início, meio e fim, como uma poesia imagética, que consubstancia as conjecturas fornecidas pelo texto, tangendo a resignação de aceitar aquilo que não se pode ter.
A direção de Sciamma é excelente, construindo planos como se pinturas fossem, narrando a estória na confecção do retrato de Héloïse, mas, na realidade, um retrato de ambas, Héloïse, Marianne e Sophie. O ciclo se fecha, quando Marianne, a personagem, pinta as cenas da diretora. Noémie Merlant, a pintora, Adèle Haenel, a Héloïse, e Luàna Bajrami, a Sophie, em ótimas atuações, entregam um trabalho coeso e compatível com a poética almejada. A fotografia é excelente, para condizer com a imagética plástica das pinturas, a música adiciona significações às imagens, a arte não fica atrás da fotografia, trazendo belas imagens de pinturas e desenhos, e a edição é muito boa.
Uma história simples, mas rica em detalhes, conflitos e imagens é o que traz o lindo #PortraitDeLaJeuneFemmeEnFeu. Vale muito assistir.
Em Cartaz.
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