Greta Gerwig, na nova adaptação cinematográfica do romance de Louisa May Alcott, Adoráveis Mulheres, para diferenciar a sua de suas predecessoras, de 1949 e 1994, rompe com a linearidade narrativa e conduz a estória em duas linhas temporais diferentes, a que a principia, em um futuro ficcional, já na segunda parte do romance, e outra, no passado, mas sem respeitar o sequenciamento de Louisa, e, por um lado, tem como sua maior qualidade a sua espinha dorsal que, apesar de postergar o engajamento do espectador com a obra, constrói uma trama coesa, sem romper mais vínculos com a original, mas que, por outro, esmaece a percepção da intensidade das conexões afetivas das personagens, a identificação do público com essas, seccionando no tempo a apresentação e evolução de seus caráter, naturezas, e disposições, e, em ocasiões, enevoa o fluxo temporal e factual. As linhas temporais convergem, paralela e alternadamente para o clímax, antecipando conflitos, descorando surpresas e a contundência, e acentuando a previsibilidade do porvir.
A direção, também de Greta, é comum, apesar de algumas belíssimas sequências, como a de Jo e Beth na praia, mas peca na movimentação cênica, que muitas vezes parece confusa, sem organicidade e espontaneidade, comprometendo a verossimilitude. O mesmo acontece em diversos diálogos, que ora, parecem abruptos, ao ponto de não se compreender o que se diz - vide a cena de Laurie chamando Jo para patinar no gelo, onde pouco se entende o que diz Chalamet, ora, parecem didaticamente construídos, visualizando-se e ouvindo-se em uma ordem tão perfeita, que transparece inaturalidade. Saoirse Ronan oscila entre cenas muito bem encenadas e outras, que demandam visceralidade, como a cena em que chora na escada ao lado de Amy. Timothée Chalamet, como Laurie, carece de amplitude hermenêutica para diferenciar sua atuação de outras, apesar das diferenças temporais e idiossincráticas entre as personagens, mas melhora no quarto final de projeção. Emma Watson, a Meg, padece da mesma questão, lembrando uma “Hermione” do século XIX. Florence Pugh é uma grata surpresa, com uma belíssima composição de Amy, e Eliza Scanlen entrega atuação competente, como Beth. Laura Dern, a mãe, e Chris Cooper, como avô de Laurie, excelentes, são os grandes destaques do elenco, juntamente com Meryl Streep, que está esplêndida como a Tia March. A música de Alexandre Desplat é belíssima, mas há melhores este ano, fotografia, arte e edição são excelentes.
#AdoráveisMulheres, de Greta Gerwig, uma adaptação interessante da consagrada obra de Louisa May Alcott, #LittleWomen, que traz uma visão narrativa mais contemporânea e que reforça o discurso do lugar da mulher na sociedade à época, discurso esse, que perdura até a atualidade. Vale assistir.
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