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Foto do escritorCardoso Júnior

Se Eu Fechar Os Olhos Agora – Brasil- 2019

Atualizado: 9 de ago. de 2020


A indicada ao Emmy Internacional na categoria minissérie ao lado de produções da Índia, Austrália e Hungria, adaptada do livro homônimo do jornalista Edney Silvestre vencedor do Prêmio Jabuti, é um drama de suspense e mistério (quase entra no terror mas se redime a tempo), que parte de um crime brutal ocorrido nos anos 60 e, mais uma investigação que busca amarrar o espectador com as conhecidas perguntas: Quem matou, por que e como?

Em seus dez capítulos/ episódios com cerca de 40 minutos cada, o roteiro busca situar a rotina dos moradores de uma cidadezinha do interior, focando na hipocrisia social da manutenção das aparências (da classe rica e pobre), retratando a subserviência das mulheres diante dos homens, o coronelismo hereditário, segregações racistas, e algumas rápidas explanações políticas da ditadura pós Getúlio Vargas.

Infelizmente o antigo e já arraigado problema de captação de som das produções nacionais se faz presente ampliado por falhas na dicção de alguns atores que faz com que o espectador necessite de legendas para melhor entendimento de muitos diálogos enquanto a dramaturgia mantém um tom novelesco que não prejudica o todo mas acrescenta uma leve pegada farsesca.

Inserindo com êxito dois investigadores juvenis, a trama desafia e brinca com o poder de dedução do publico e, embora o roteiro careça de alguns pequenos ajustes (a quebra de ritmo deixa isso claro), a produção alça grande brilho nas questões técnicas como a esmerada reconstrução de época que passa pelos primorosos figurinos, a requintada cenografia, o extremo cuidado com adereços e a belíssima fotografia e iluminação em tons de sépia que corrobora para a criação de uma autêntica aura de cinema “noir” com belos contrates de sombra e luz.

A precisa direção de Carlos Manga Jr. trabalha planos muito bem estruturados nas belas externas e nos detalhamentos angulares das internas, mistura com sucesso elenco de veteranos com novatos, peca na ótima trilha sonora que algumas vezes se torna intrusiva, mas mantém coesa uma dramaturgia repleta de mistérios e reviravoltas que vão se revelando e multiplicando ao retratar a tragédia do ser humano sendo ele mesmo.

Assim, #SeEuFecharOsOlhosAgora, vale ser vista.

Ps1: Disponível na Globoplay

Ps2: Se tem chances contra “Lust Stories” da Índia, “Safe Harbour” da Austrália e “Trezor” da Hungria é algo que estou partindo para verificar.

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