Acusada, filme argentino de Gonzalo Tobal, traz a estória de Dolores, uma jovem estudante de moda acusada da morte da melhor amiga, por falta de outros suspeitos e outras hipóteses. O roteiro, de Ulises Porra e Tobal, basicamente linear, trata dos procedimentos jurídicos e das consequências de diversas naturezas na vida da jovem e de sua família, e ilustra fatos e situações que fazem o espectador acreditar tanto em sua inocência, quanto em sua culpa, mas sem precisar qualquer uma das duas, deixando em aberto uma sombra que paira sobre todos aqueles que, apesar da justiça, um dia foram acusados de um crime, considerados inocentes ou não: aos primeiros a sombra da autoria não reconhecida, aos segundos a da inculpabilidade, mas, independentemente de responsabilidades, o texto ilustra as consequências que solapam a vida de todos os envolvidos, sejam a família da vítima, ou a da acusada. A sombra da dúvida que pairará sempre sobre todos aqueles acusados, mesmo que a justiça os exonere de qualquer culpa. O texto ainda traz, para acrescentar às incertezas, em flashback, excertos da cena do crime, em lembranças da acusada.
A direção de Tobal é ótima, apesar de sua pouca experiência, acentuando o clima de tensão com tomadas, distanciamentos e movimentos de câmera que acentuam à ambiguidade. Lali Espósito, em boa atuação, também colabora para que a dubiedade se mantenha mesmo após o veredicto. Leonardo Sbaraglia retrata muito bem os conflitos de um pai que tem a filha acusada de um crime e suas dualidades perante ambas as possibilidades. O resto do elenco é competente, mas vale ressaltar a brilhante participação de Gael García Bernal, como um entrevistador de televisão. A fotografia também adiciona aos suspenses, e arte, música e edição são muito boas.
Acusada traz uma trama interessante, onde mais relevante do que a inocência ou a culpa, que serão sempre relativizadas, são os impactos das sombras das dúvidas. Vale assistir.
Em cartaz.
TRAILER