#Inacreditável, minissérie em oito capítulos da Netflix, inspirada em fatos reais, acompanha as detetives Karen Duvall e Grace Rasmussen na investigação de casos de estupros similares.
Com a criação de Susannah Grant, Michael Chabon e Ayelet Waldman, a estória é conduzida alternando-se em duas linhas temporais – uma, em 2008, quando acontece o primeiro estupro, no estado de Washington, que narra as desventuras de Marie Adler, e, outra, em 2011, quando novos casos ocorrem no do Colorado, onde se encontram as duas detetives –, muito bem intercaladas, evoluindo muito bem, paralelamente, ambas as espinhas dorsais, dosando as revelações, sem causar quaisquer confusões. O primeiro episódio dedicado, exclusivamente, à Marie Adler, em 2008, narra o seu estupro, em flashbacks, enquanto força o espectador a acompanhar todas as agruras da vítima após o delito, o tratamento da polícia, diante da ausência de evidências, expondo o sistema de adoção americano e questionando a existência do fato em si, criando suspenses. Os seis seguintes, que poderiam ser quatro, se mais concisos, dedicam-se às investigações dos casos no Colorado, expondo o sistema policial, quando no tratamento de casos desse crime, especialmente, quando investigados por detetives homens. O texto exagera um pouco em mensagens didáticas ao público sobre o assunto, que se tornam perceptíveis e pouco orgânicas, mas válidas. O último episódio conclui as investigações e une por um breve instante as personagens das linhas temporais distintas.
Toni Collette, maravilhosa, no papel da detetive Grace Rasmussen, conduz com precisão uma personagem multifacetada, arredia, e direta, explorando os conflitos cênicos sem pieguices ou exageros; Merritt Wever, como Karen Duvall, entrega ótima atuação, mas, nitidamente, em outro patamar de Collette, enfrentando algumas dificuldades, especialmente, na dosagem emocional; Kaitlyn Dever, excelente, valoriza, sem exagerar, as agruras de Marie Adler; e o resto do elenco é muito competente. A direção, em diversas mãos, ótima, é muito coesa. Edição, arte e música são muito boas.
Os bastidores de uma investigação, repleta de desafios e reviravoltas, expondo questões prementes sobre estupros e assédios sexuais nos EUA, é o que traz a bela série Inacreditável.
Em cartaz.
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