top of page
logo.png
Foto do escritorCardoso Júnior

Parasita- Coréia do Sul - 2019

Atualizado: 9 de ago. de 2020


O mais que legitimo vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes 2019 é espetacular, mas isso é algo que não surpreende o cinéfilo já habituado com a altíssima qualidade do cinema sul-coreano quando o assunto é suspense, haja visto, “A Criada” (2016), apenas para citar um titulo entre muitos.

E é aí que entra o diretor Joon-ho Bong (O Expresso do Amanhã-2013), com um thriller eletrizante que transita com muita propriedade por ásperas ironias, pelo drama contundente e pela comédia de costumes para fazer, com muitas alfinetadas, e boas doses de humor negro, uma genial crítica social sobre as desigualdades econômicas.

Com roteiro soberbo onde o inusitado e o divertido brincam com o imprevisível, esse trabalho de baixo orçamento, poucas locações e elenco enxuto (que não teme construir uma cena com centenas de figurantes), arrasta inexoravelmente o espectador para dentro dele fazendo-o acompanhar e se surpreender cada vez mais com os rumos de uma jornada fictícia que, obviamente, não promete um final feliz, ao longo dos seus 130 minutos, mas contar mais seria adentrar no tenebroso caminho dos spoilers.

O roteiro é tão bem estruturado e o desenvolvimento tão equilibrado que nos faz torcer ora por um núcleo, ora por outro, já que a genialidade do roteiro/direção/diálogos se esquiva do batido e chatinho teor partidário-solidário, evitando a dicotomia da vilanização e fazendo com que nossa empatia se alinhe e alterne entre os dois extremos enquanto sorrimos de situações limites, ficamos tensos com elas e, tudo isso, confeccionado com técnica esmerada e muito elegante.

Ao utilizar como premissa o conceito do parasita ou do parasitismo, Bong inteligentemente desvia-se de julgamentos, culpas ou vergonhas, mas coloca sobre lente de aumento a necessidade humana de sobrevivência a qualquer custo onde, um olhar mais apurado, detectará mordazes e inúmeras camadas a serem decodificadas no embate entre o fútil e o essencial nessa mais que bem-vinda fábula moderna sobre luta de classes.

Se mais enxuto, uns 15 minutos, com tantas provocações, #Parasite tocaria a perfeição.

Ps1: Infelizmente, sem data de estreia por aqui, mas há rumores de lançamento em outubro/19;

TRAILER

bottom of page