No final da década de cinquenta, em Châteauroux, no interior da França, Rachel conhece Philippe, com quem inicia um romance, do qual resulta uma gravidez, e, como ele nunca pretendia casar com ela, por razões socioeconômicas, Rachel insiste durante anos para que ele assuma a paternidade e dê o seu nome à filha, deflagrando graves consequências.
O roteiro de Catherine Corsini e Laurette Polmanss, baseado no romance de Christine Angot, acompanha por décadas a saga de Rachel e Chantal, sua filha, em torno de suas relações com seu ex-amor e pai, e, linear, sabiamente estabelece as conjunturas da relação de Rachel e Phillippe, até a separação e a configuração do conflito que deflagra diversos outros, com resultados dramáticos. O grande diferencial do texto reside em fazer o espectador experienciar suas teses, quando provoca nesses uma desconfiança, e a desconstrói na narrativa, estabelecendo empatia desses com a personagem Rachel, que, também cega e sem a pista que o público observa, não percebe o que se passa debaixo de seu próprio nariz, e que, um tanto egocêntrica, acredita que o problema se encontra nela, e não que algo espúrio estaria acontecendo, mas, a seu favor, nem o público.
A direção, também de Corsini, é muito boa, e consegue construir e desconstruir, muito bem, as dúvidas que o texto almejou. A reconstrução de época é excelente, lembrando que a história perpassa quatro décadas, e a maquiagem rejuvenesce e envelhece Virgine Efira impecavelmente. Niels Schneider, um vilão sedutor e carismático, é o melhor em cena, mas Estelle Lescure, a Chantal adolescente, impressiona, Virgine Efira entrega atuação bastante consistente, em personagem monocromática, e o resto do elenco é muito bom. Música, fotografia e edição são ótimas.
Um Amor Impossível, um dramalhão muito bem adaptado para as telas. Vale assistir.
Em cartaz.
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