Tendo se destacado na Seleção da Mostra "Un Certain Regard" do Festival de Cannes 2018, #Rafiki, da diretora queniana Wanuri Kahiu, finalmente recebeu visibilidade após sua estória sobre um amor adolescente lésbico ter sido censurada no Quênia, país onde a homossexualidade ainda nos dias de hoje é entendida como crime e punida com até 14 anos de cárcere.
Inspirada em um romance Ugandense, a diretora apresenta-nos o nascimento e a evolução de uma relação amorosa entre duas jovens enquanto amplia o foco para ilustrar o papel das mulheres naquela sociedade fazendo também uma panorâmica sobre relações familiares e visão religiosa dentro de uma comunidade classe média onde a intolerância e a violência ainda desabam sobre o que é considerado diferente e, portanto, inaceitável.
Embora o roteiro seja inteiramente previsível carecendo de qualquer elemento inovador e a questão política nunca saia da promessa, a direção explora com competência os espaços externos, em planos abertos, captando e nos inserindo num urbanismo realista e multicolorido que, de certa forma, nos oprime na mesma medida que as protagonistas.
Não há em Rafiki nenhum grande arroubo interpretativo, porém as atuações são mais que sinceras e até singelas, sempre captadas por uma câmera muito próxima que amplia o naturalismo das atuações numa narrativa afetuosa, realista e até otimista, dentro de um contexto social arcaico e opressor com suas minorias.
PS: Disponível em VOD
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