Após vinte e cinco anos de árdua labuta para terminar esse trabalho (ver o documentário “Perdido em La Mancha” de 2002) o diretor Terry Gilliam (O Destino de Júpiter) entrega um trabalho longo demais, escalafobético demais, fragmentado demais para atingir uma metalinguagem que, nos primeiros 60 minutos, o expectador já perdeu todo interesse em decodificar.
#TheManWhoKilledDonQuixote que abusa do batido recurso do “filme dentro do filme”, aposta em um tipo de comédia rocambolesca tão cansativa quanto confusa, repleto e com muitos de tombos ( até o segundo é possível rir), mocinhas, bandidos, empresários, camponeses, prostitutas e, tantos elementos, que é muito fácil perder-se ou desinteressar-se da trama.
As “brincadeiras” com o absurdo, com o nonsense, retiram a coerência dos protagonistas e de todo o elenco, algo que poderia ter sido muito melhorado na edição, retirando várias cenas, encurtando ou dando ligadura à estrutura amorfa do roteiro, mas infelizmente não.
As opções estéticas como cenários, locações, direção de arte, figurinos, trilha sonora e a fotografia nas mais amplas paletas de cores, chegam para encantar os olhos de quem já não embarca mais nas alucinações, mas não sustentam a obra como um todo.
O bom elenco também fica à deriva, notadamente perdidos em suas personagens, mas fazendo o possível para encontrarem um sentido nas cenas além da pantomima.
Assim, #OHomemqueMatouDomQuixote, fica apenas na intenção de tentar construir uma amostragem “cômica” sobre as etapas e percalços da feitura de um filme.
Para quem se interessa por essa parte, recomendo conhecer “A Noite Americana” de 1973.
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