Sendo o cavalo da raça Mustang o símbolo da cultura americana por seu espírito de liberdade e temperamento indomável, a diretora Laure De Clermon aposta num roteiro inspirado em histórias reais sobre detentos com alto teor de violência em combustão que se submeteram a um programa real de reabilitação implantado nas penitenciárias dos EUA, adestrando corcéis indomáveis como eficaz exercício de controle de suas índoles explosivas.
Não, este não é mais outro filme sobre “homem e cavalo” até porque conta com o protagonismo do maior ator europeu da atualidade, o Belga Matthias Schoenaerts, em uma personagem repleta de raiva contida, agressividade explícita, tristeza evidente e culpas indizíveis que ele compõe com expressividade impactante e poucas falas. Só ele já vale toda a produção.
Este potente drama carregado de muitas variáveis emocionais - sem nuances de pieguismos- transita pelo concreto e o metafórico para gerar importantes reflexões existenciais sobre os resultados da regeneração em seres banidos do convívio social mantendo ótimo ritmo narrativo, boa trilha sonora, design de produção acertado e memorável fotografia que alterna planos abertos e iluminados com átrios escuros e claustrofóbicos.
No entanto, em #TheMustang a história sobre interação de dois seres aprisionados pelo sistema, lamentavelmente tropeça na estrutura do roteiro que muito promete e, irreversivelmente prende o expectador, perde a oportunidade de deixar mais clara sua mensagem, larga algumas personagens à deriva, chegando ao ato final de maneira instável e sem respostas solidas para as importantes questões levantadas.
Ps1: Infelizmente sem previsão de estréia por aqui, mas disponível em VOD
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