Quando a Disney divulgou que Guy Ritchie iria dirigir a versão “live-action” de Aladdin, os dois protagonistas, Mena Massoud e Naomi Scott, e que Will Smith iria interpretar o gênio, muitos receberam as notícias com ceticismo, inclusive aquele que vos escreve, especialmente no quesito direção, onde houve preocupação de que fosse se tornar um filme com velocidades variando da mais lenta à mais rápida, como visto nos Sherlock Holmes; e as notícias pareciam ser uma combinação bombástica, que, Aladdin, o filme de Ritchie, provou ser a perfeita.
O roteiro de John August e Guy Ritchie respeita com bastante fidedignidade o do precursor, adicionando e modificando sem afetar as energia, beleza e graças originais, deixando a sua marca e alcançando a distinção. Além de incluir um narrador surpreendente, empodera a personagem Jasmine, sem clichês ou bandeiras levantadas, mas organicamente. Os autores captam, com perfeição, as questões humanas já exploradas no desenho e as potencializam, o clima, e o reedita, a estética, e a exponenciam, reproduzindo a extravagância que particularizou o primeiro.
A direção de Ritchie – que apesar de usar seu recurso predileto de alteridades rítmicas, o faz com bastante propriedade, nos momentos certos e na medida certa – capta, com precisão, a estética colorida, exagerada, e psicodélica do desenho e a imprime na realidade com a mesma intensidade, o mesmo exagero, quase rompendo a tênue fronteira do bom-gosto, mas sem nunca a ultrapassar.
Will Smith foi logrado com o desafio de substituir a impecável atuação do saudoso Robin Williams, que dá voz ao animado em um show à parte, e cria algo comparável, mas único, distinto e carismático. Mena Massoud e Naomi Scott abraçam suas inexperiências e, com simplicidade e humildade, dão bastante vida ao casal mais simpático da Disney, com boas interpretações, cantando e dançando lindamente. O resto do elenco é bastante competente, destaque para a participação de Billy Magnussen como um afetado príncipe.
A música, já excelente no primeiro, foi elevada neste de forma geral, mais especificamente, com a adição de belíssimas e contextualizadas canções, que avolumam a dramaturgia. Lembremos que o desenho foi um dos mais musicados da Disney, e, acentuar essa linha, parece natural. Os efeitos especiais são excelentes, especialmente a criação dos animais e do tapete mágico. Fotografia e edição são ótimas.
Finalmente uma versão “live-action” que capta as essências exatas de seu precursor, as humaniza e acentua, criando o mundo extravagante de Agrabah. Quem assistir encontrará surpresa e nostalgia, nem que sejam saudades de Robin Williams. Vale muito assistir.
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