Pouco antes da Segunda Guerra Mundial, em seu primeiro ano em Cambridge, Joan, estudante de física, conhece Sonya, supostamente uma órfã russa, que a introduz a um grupo de socialistas, entre eles, Leo, por quem se apaixona, e que tenta arregimentá-la para fornecer informações sobre a pesquisa atômica britânica para a Russia.
O roteiro de Lindsay Shapero, muito bem escrito, baseado no livro de Jennie Rooney, inicia com a prisão de Joan, em 2000, acusada de traição, e se desenvolve durante seus depoimentos à polícia em transições entre o presente e o passado, em flashbacks, que constroem sua narrativa, e nessa dinâmica reside seu grande valor, pois as idas e vindas, por mais breves que sejam, e há brevíssimas, são realizadas com propriedade, sem confundir ou desconectar o espectador da trama. Lindsay também defende a tese de que o equilíbrio de forças é o único caminho para a paz, embasando nessa premissa as ações da protagonista, e não nas ideologias socialistas. Apesar de trabalhar bem as relações de Joan no passado, com Sonya, Leo, e Max, entre outras, e no presente, com seu filho, a trama aprofunda pouco a sua asserção e se desenrola mais como um suspense histórico-ficcional.
A direção de Trevor Nunn, competente, explora muito bem as reações de Dench, no presente. Judi, sempre excelente, concede muita humanidade à personagem um tanto controversa. Já Sophie Cookson, uma atriz inexperiente, dá um passo de alto risco ao dividir o protagonismo com uma do porte de Dench, e as comparações, inevitáveis, desfavorecem-na. O resto do elenco é competente, com realce para Stephen Campbell Moore, o Max, e Tom Hughes, o Leo. A edição, excelente, contribui muito com o ritmo e qualidade das transições temporais; a arte é fidedigna, reproduzindo muito bem cenários e figurinos de época; a música contribui com os suspenses, e a fotografia é ótima.
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