Quando se depara com um filme dirigido pelo dinamarquês Thomas Vinterberg, ("Longe Deste Insensato Mundo" (2015), "A Caça" (2012), ambos comentados), e tem no elenco o quarto maior ator europeu da atualidade (Matthias Schoenaerts), que já analisei todos os trabalhos) e, ainda de tira-gosto, Colin Firth e Léa Seydoux, não há como não se apressar para ver.
Quando li aqui na página a notícia que o governo Russo havia negado permissão para que as filmagens acontecessem em seu território mesmo sendo uma história real que passa justamente nele, pensei que algo de errado não estava certo e, tratei de ficar alerta para seu surgimento.
Bom, a adaptação do livro feita por Robert Rodat, (O Resgate do Soldado Ryan), que conta a história real do submarino russo que afundou com toda tripulação durante uma manobra no ano de 2000, assume a narratologia do drama-suspense-claustrofóbico, mas muito perto de um olhar documental sobre os lamentáveis fatos políticos e diplomáticos que propiciaram o trágico desfecho da história.
Vintenberg buscando a realidade cênica utiliza-se de um submarino real para as filmagens formatando um thriller tenso, asfixiante e com alguns sustos, numa bela e realista montagem, enquanto explora de forma pertinente as subtramas referentes às famílias, e onde brilha Léa Seydoux, enquanto entrega o núcleo militar e diplomático à Colin Firth numa atuação com pouco espaço para desenvolvimentos.
Com uma boa costura dos três ângulos do drama, causa estranheza o idioma inglês em um filme belga com personagens teoricamente russos e, ainda que a critica ao “sistema paranóico russo” onde a vida humana vem em segundo plano diante do orgulho e segredos nacionais seja bastante interessante, para quem assistiu “ Mar Adentro” (2004), nota-se uma carência de empatia cênica, uma falta de inventividade no desenvolvimento do roteiro causados pela ausência da ousadia autoral esperada.
Assim, #Kursk, inédito no Brasil, vale pela reprovação das ideologias nefastas, pelo descortinar das ocultações de informações ao público e, claro, pela sempre magnética presença de Matthias Schoenaerts.
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