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Foto do escritorFábio Ruiz

Cafarnaum – Líbano – 2018

Atualizado: 7 de ago. de 2020


O candidato libanês ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro é um soco na boca-do-estômago. Com um roteiro não linear, muito bem costurado, conta a história de Zain, um menino do qual se desconhece a idade, algo entre doze e treze anos, sem documentos, que vive na miséria com seus pais e irmãos, mas extremamente perspicaz e sensível, é dotado de uma visão privilegiada do seu mundo, consequentes de sofrimentos cotidianos.


A narrativa deslancha com Zain no tribunal contra seus pais, e transcorre em flashbacks que contextualizam o procedimento jurídico em andamento. Sem seguir a cronologia dos eventos, o roteiro, de Nadine Labaki, Jihad Hojeily e Michelle Keserwany, constrói um quebra-cabeças dos diferentes penares que afligem uma população diversa e miserável – as condições de pobreza, de párias, de ilegais, de explorados, de mercadorias –, seguindo a trajetória de Zain, que quer proteger a irmã do destino que a aguarda após a sua primeira menstruação, até cruzar com a de Rahil, uma etíope ilegal no Líbano, com um bebê, Yonas, que, apesar de todos os revezes diários e potenciais, encontram uma convivência de ajuda mutua, que constrói laços mais fortes do que os familiares e consubstanciam os eventos que colocam Zain contra seus pais no tribunal.

A direção de Nadine Labaki é excelente, com belíssimas tomadas aéreas que ao mesmo tempo nos aproximam da trama nas ruas e descrevem a conjectura daquelas pessoas que iremos acompanhar na narrativa, e planos contundentes que retratam, com precisão, a dimensão humana e emocional. Nadine também é muito hábil na condução do elenco de não-atores, propiciando a empatia do público com aquelas personagens, especialmente Zain, mas também com Rahil e Yonas, cujos destinos tornam-se imperativos ao espectador. O menino Zain Al Rafeea, o Zain, e Yordanos Shiferaw, a Rahil, excelentes, angariam a simpatia do público com suas interpretações realistas. A fotografia é belíssima e contribui com a aridez do texto. A música é forte, corroborando os dramas cênicos sem exagerá-los, afetá-los ou modificar o ritmo do texto. A arte contextualiza muito bem a miséria e o caos esperados e a edição é excelente.

Um grandioso e doloroso filme sobre condições humanas é o que traz #Cafarnaum, um drama nos tons e medidas certos, sem pieguices ou conotações políticas equivocadas. Imperdível.

Em Cartaz. Sony Pictures Classics #SonyPicturesClassics #Capernaum #Capharnaüm


TRAILER

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