Joel Edgerton que já havia dirigido o regular “O presente” (2015), parte para esse seu segundo projeto onde não só dirige, roteiriza e atua a partir do livro de memórias do escritor Garrard Conley, filho de um pregador Batista numa cidade conservadora que, ao revelar para a família sua homossexualidade, é internado numa instituição repressora para curar seu desvio de conduta.
Apesar de o tema ser muito polêmico e até revoltante, Edgerton opta por uma abordagem realista, porém tão neutra quanto imparcial o que, sem dúvida, prejudica o alto teor emocional de uma história abundante deles em prol de não querer “parecer” melodramático. Uma pena, pois há e havia outras maneiras muito mais eficientes e impactantes para apresentar um filme-denúncia sem ficar em cima do muro documental que apela, nitidamente, para cenas familiares (pai e filho, filho e mãe), para sua dosagem pseudo-lacrimosa potencializada pela trilha.
Quanto à fotografia, há um exagero de cenas às escuras, repletas de abajures que chegam a incomodar pela falta de criatividade para retratar a opressão, enquanto o abuso de “fade in” e “fade out” empobrecem em muito a qualidade gráfica.
Com uma montagem temporalmente tortuosa que prejudica parcialmente o andamento,#BoyErased acerta na mostragem da crueldade infligida a pessoas emocionalmente vulneráveis e desesperadas por aceitação social e perdão de um Deus tão cruel e condenatório que se sujeitam a tudo para alcançarem a graça, o perdão e a redenção pelo expurgo de seus desejos libidinosos proscritos, o que legitima o trabalho apenas como exposição desses ignóbeis e comerciais centros de cura.
Com bons desempenhos de Lucas Hedge, Nicole Kidman, Russell Crowe, Joel Edgerton e uma participação inexplicável em uma personagem desnecessária de Xavier Dolan, este filme com autêntica aura de um telefilme, é uma comprovação de que Joel Edgerton não tem fôlego ou criatividade para roteirizar e dirigir, mas vale ser visto pela temática homofóbica ainda implantada por algumas igrejas conservadoras e únicas conhecedoras das vontades de Deus.
E, parafraseando Nathaniel Hawthorne em “A Letra Escarlate” (1850) "Quem pode dizer o que é um pecado aos olhos de Deus?"
Ps : Distribuído pela #UniversalFilmes, ainda não tem data de estréia para o Brasil neste momento.
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