É certo dizer que essa ideia da existência de um mundo “oculto” aos seres humanos tem ganhado força, especialmente quando tratamos de filmes infantis. Desde Toy Story e até mesmo seu próprio antecessor (Gnomeu e Julieta) investem em uma forma de mostrar ambos os mundos, o lúdico e o real, estando estes em contraponto ou não. Aqui não é diferente e novamente entramos no mundo desses gnomos de jardim sob uma perspectiva mais aventureira e menos romântica se comparado ao de 2011.
Muito disso se deve ao fato de que agora, a inspiração para a trama é o personagem mais famoso do grande escritor Arthur Conan Doyle: Sherlock Holmes em vez da revisita que tivemos em 2011 a obra de Shakespeare.
E isso não é nada de mau, apesar de tantas as adaptações de Sherlock para a TV, cinema, séries e etc. Na verdade, temos aqui um verdadeiro mergulho ao universo do famoso detetive, mais especificamente um mergulho a sua adaptação para série estrelada por Benedict Cumberbatch não só na construção dos personagens em questão, mas especialmente sobre seu vilão Moriarty, completamente histérico e escandaloso em sua obsessão pelo arquirrival. Além é claro de tantas outras referências: Irene Adler, o cão dos Baskervilles e o palácio mental (muito bem caracterizado por sinal).
Com isso em mente, é fácil de saber quem são os verdadeiros protagonistas por aqui, e talvez isso seja um problema bem perceptível. A subtrama que é posta no início, motivo de atrito entre Julieta e Gnomeu não atende se quer ao próprio roteiro, sendo muito facilmente esquecida de tão gratuita. Já a principal tão simples e preditiva que coloca o filme em um interregno onde acaba por ser possivelmente complicado de mais para crianças e de uma ingenuidade escatológica para os adultos.
Mas claro que visualmente a animação não deixa a desejar em momento algum. Boa sequencias de ação, visual cativante e sacadas criativas e divertidas embarcam o filme. Contando ainda com trilha de Elton John (que por sinal aparece como gnomo de jardim) fecham os artifícios plásticos que englobam a aventura. Uma menção honrosa também à dublagem que passa longe de ser ruim. Embarcando vozes que vão desde Mary J. Blige, dando vida a Irene Adler, até Johnny Depp com o próprio Sherlock Holmes.
Só que isso, infelizmente, não é de longe suficiente para trazer uma estatueta do #Oscar2019 a estes pequenos gnomos! Deixados os furos e subtramas simplórias de lado, é uma boa pedida para os pequenos ou àqueles que aguardavam uma continuação. No mais, existem animações melhores por aí.
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