Ao casar com Henry Gauthier-Villars, catorze anos mais velho do que ela, um notório libertino parisiense e escritor, sob a alcunha de Willy, Collete deixa o interior da França para viver na turbulenta Paris, onde ele lhe apresenta a intelectualidade de vanguarda e os círculos artísticos da cidade luz. O filme de Wash Westmoreland acompanha a evolução da protagonista na duração de seu primeiro casamento.
O roteiro de Westmoreland, Richard Glatzer, escritores de Simplesmente Alice, e Rebecca Lenkiewicz, é simples e enxuto, contando com detalhes a história de Glatzer sobre a famosa escritora francesa Sidonie-Gabrielle Colette, a Colette, que põe uma lente de aumento na formação de sua persona, desde uma “ghost writer” de seu marido até a sua independência, ilustrando o incentivador, o aproveitador, e o machista, que a estimula a escrever e a concretizar seus desejos sexuais, contribuindo na formação de sua criatividade, estilo e personalidade, e a manipulando e sabotando para mantê-la sob controle, criando um círculo, ao mesmo tempo, vicioso e virtuoso, que, simultaneamente, constrói e destrói, mas que só é quebrado, quando se desequilibra a simbiose.
A direção de Wash Westmoreland é ótima, com excelentes planos, sequências, e distanciamentos, ao mesmo tempo explorando os talentos individuais dos atores. Keira Knightley, em seu melhor trabalho, acerta o tom nos conflitos cênicos, valorizando-os. Dominic West, idem. O elenco coadjuvante é bastante proficiente, destaque para Fiona Shaw e Denise Cough. A fotografia é excelente, especialmente nas cenas internas, a música corrobora as tensões narrativas, a arte reproduz com primor o período retratado e a edição é muito boa.
“A mão que segura a pena escreve a história”, com essa frase Colette resume a tônica da narrativa, que ilustra as suas formação e libertação das opressões e convenções da sociedade. Entretanto, o filme não se sobressai entre tantos outros que tratam do mesmo tema, mas, ainda assim, mantém ótimo padrão. Vale assistir.
PS: Em cartaz.
TRAILER